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Enviada em: 14/10/2017

"A grama do vizinho é sempre mais verde". É assim que muitos brasileiros enxergam as nações vizinhas, devido ao complexo de inferioridade que possuem. A prática de inferiorizar o que é nacional e exaltar o que vem de fora é comum no dia a dia do brasileiro e não é um fenômeno recente. No entanto, esse hábito prejudica o desenvolvimento do país e, portanto, a anulação desse sentimento. O termo "complexo de vira latas" foi utilizado pela primeira vez pelo escritor Nelson Rodrigues quando o Brasil perdeu a Copa do Mundo de 1950 para o Uruguai. Mesmo revertendo o jogo em 1958, quando ganhou a Copa pela primeira vez, o narcisismo às avessas continua até hoje. O hábito de julgar que a música, a língua, a educação e os produtos exportados são sempre melhores do que os genuinamente brasileiros são o resultado de uma descrença na nação. Isso porque o Brasil é visto como o país do futuro por muitos estrangeiros, mas esse futuro nunca chega. Ademais, os problemas do país sempre se destacam e os pontos positivos quase nunca são exaltados. Exemplo disso é a constante cobertura que a mídia faz sobre fatos como corrupção, roubos, problemas educacionais, crise no sistema carcerário e no sistema de saúde pública, mas a pouca divulgação de descobertas medicinais e farmacêuticas, exemplos de cidadania e de prêmios no campo universitário. Ainda é válido ressaltar que o próprio complexo de vira lata dificulta o progresso do país. Isso porque enquanto o brasileiro exporta tudo de fora e sonha em sair do Brasil para conquistar seus objetivos, muitos deixam de pensar nos próprios problemas nacionais e em como solucioná-los para, assim, ter orgulho da nação. Segundo o jornalista irlandês George Bernard Shaw, "é impossível progredir sem mudanças e aqueles que não mudam suas mentes não podem mudar nada". Nesse sentido, é necessário modificar os hábitos e crenças para alcançar o progresso verdadeiro e o primeiro passo é desmistificar que a grama do vizinho não é sempre mais verde. A rica cultura nacional tem papel relevante nisso, inclusive a literatura do século XIX, quando a primeira geração do Romantismo brasileiro buscou exaltar a pátria. Diante desse cenário, é necessário analisar a história brasileira para modificar a atual relação dos cidadãos com a sua nacionalidade. Para isso, cabe às escolas, em parceria com centros culturais das cidades, promoverem palestras com uma releitura crítica do passado utilizando a História e a Literatura para perceberem os pontos positivos do país e buscar nos próprios problemas maneiras de solucioná-los. Além disso, cabe à mídia abordar o tema e valorizar a nação por meio da sua rica cultura, língua, hábitos e diversidade, mas sem deixar de relatar os problemas, visando sempre encontrar soluções. Somente assim o progresso verdadeiro acontecerá.