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Limbo cultural brasileiro Língua. Religião. Alta cultura. São os únicos elementos capazes de sobreviverem após a queda de uma civilização. No Brasil, a língua é marcada pelos vícios e erros, a religião não serve de compasso moral e a alta cultura está morta. Engana-se quem acredita que o país possuí elevada cultura, pois ignoramos nossa herança européia e desconhecemos o tesouro indígena e africano. De certo modo, o brasileiro não possuí interesse em conhecimento e cultura devido a maneira que ocorreu a colonização portuguesa. Segundo Thomas Sowell, a conquista e a prosperidade de um povo só ocorre se for acumulado "capital intelectual", em outras palavras é a língua, a religião e a alta cultura. No caso de Portugal, não há equivalência de seus pensadores com o de outras potências europeias. Por comparação, a Alemanha, que conseguiu reformar sua língua e sua religião ao mesmo tempo que formava pensadores como Kant, Hegel e Schelling, é atualmente a maior potência da Europa. Na época, Portugal não possuía bases culturais suficientes para a colonização e sua perpetuação. Consequentemente, o Brasil não desenvolveu -por não possuir suporte intelectual- sua capacidade de acumular e formar "capital cultural". Entretanto, apesar dos esforços dos românticos e dos modernistas, a cultura indígena e africana não conseguiu perpetuar-se na sociedade, tornando-se algo exótico ou muito distante da realidade cotidiana. Infelizmente, livros como "O Guarani" e "Macunaíma" tornaram-se objetos de estudo e não uma representação de uma realidade, mesmo que idealizada e exagerada por alguns autores. Apesar da sociedade não ter-se agarrado a cultura européia, houve e ainda há preconceito contra a cultura africana e indígena, por não se enquadrar nos padrões estrangeiros. Ou seja, ignoramos totalmente os clássicos europeus ao mesmo momento que desconhecemos os ícones nacionais. Portanto, o brasileiro está em um limbo cultural, pois não temos uma cultura definida, mas apenas a sensação de uma. Assim, é necessário que haja uma intervenção do Estado na educação. Através de aulas intensivas de artes e literatura nos ensinos fundamentais e médios, um aluno comum poderá buscar e formar sua cultura. De certo não será homogênea, devido a imensa diversidade étnica, religiosa e de estilos de vida. Entretanto, através das aulas, o professor deverá ser responsável por uma formação cultural e intelectual que abranja as mais diferentes culturas, incluindo as latinas, europeias, africanas e asiáticas. Assim, através das escolas, será possível a formação de indivíduos capazes de criarem obras originais e também de apreciarem com maior rigor as estrangeiras.