Enviada em: 16/06/2019

A decisão do Cão-Robô       Em Black Mirror, existe um episódio no qual três pessoas iniciam conduta criminosa de furto a ursos de pelúcia para acalentar um doente terminal. No entanto, havia cães-robôs do galpão, os quais, posteriormente, viriam a matar os meliantes em perseguições implacáveis. Logo, isso demonstra que a tecnologia pode ser bastante eficaz em preservar o bens particulares contra bandidos, mas, ao mesmo tempo, abre questões sobre o abuso de autoridade e outros elementos inerentes ao combate ao crime.       Em primeiro lugar, é de se destacar que o uso da tecnologia custa caro e proporciona uma ilusória sensação de segurança. Por exemplo, a Justiça Eleitoral aderiu às urnas eletrônicas, pois seriam mais seguras e evitariam fraudes no processo eleitoral. Pagaram 650 dólares em cada uma das 250.000 unidades, e, embora tenha moderno sistema de segurança, vários defeitos ou manipulações foram denunciados ao Tribunal Superior Eleitoral, demonstrando, portanto, a fragilidade da tecnologia.       Além disso, é importante questionar quem irá se responsabilizar pelo controle dos dispositivos tecnológicos, pois o brasileiro não deseja se ver no panóptico de Foucault. Esses temas parecem óbvios, apesar de que, no Brasil, são necessários, uma vez que funcionários públicos tendem a abusar de sua autoridade (especialmente os policiais, cuja letalidade, segundo o Fórum da Segurança Pública, passa de 20 mil mortes ao ano).       Portanto, o uso da tecnologia pode ser, de fato, um aliado no combate ao crime no Brasil, mas o tema carece de maturidade - ainda mais com a velocidade da obsolescência. Nesse caso, é prudente que o Congresso Nacional, antes de qualquer licitação ou investimento, promova debates em convenções, de modo que profissionais da área da segurança e tecnologia, bem como líderes sociais, possam expor lados positivos e negativos (como aqueles mencionados neste texto). Dessa forma, talvez, possamos ter cães robôs que saibam preservar a vida, que vale mais do que patrimônio.