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Enviada em: 24/06/2019

Na obra literária ''1984'', o autor, George Orwell, narra a história de uma sociedade distópica regida por um totalitário sistema de controle social. No enredo, os cidadãos - em prol de uma suposta garantia de segurança - são observados pelo ''Grande Irmão'', um mecanismo que, na verdade, trabalha para controlar e reprimir atitudes contrárias ao Governo. Nesse sentido, ao traçar um paralelo com a realidade, percebe-se que, no Brasil, a tecnologia utilizada para combater a criminalidade desperta questionamentos a respeito da efetividade desses equipamentos, bem como sobre a privacidade dos civis monitorados. Assim, é lícito afirmar que o aparato tecnológico usado para segurança no país tem pouca efetividade, além de, certas vezes, ser usado para finalidades antiéticas.        Em primeiro lugar, evidencia-se, por parte dos criminosos, pouco temor em relação a itens como câmeras de segurança e alarmes automatizados, o que prova uma baixa eficácia dessas tecnologias na prevenção de crimes. Essa lógica é demonstrada pelas alarmantes estatísticas de assaltos e arrombamentos nas grandes capitas brasileiras, cidades onde existe um alto aparato tecnológico de segurança. Com isso, percebe-se a paliatividade dos equipamentos que, sozinhos, não protegem e evitam crimes. Logo, é substancial o investimento estatal em trabalho humano que apoie essas tecnologias, como efetivo policial, a título de exemplo.       Outrossim, é imperativo pontuar que a tecnologia aplicada à criminalidade pode ser utilizada por indivíduos de má-fé, no que concerne ao uso do aparato para finalidades além de garantir segurança. Prova disso foi o escândalo protagonizado por Guardas Municipais no litoral de São Paulo, que manipulavam câmeras de segurança para capturar imagens de mulheres na praia. Sob esse aspecto desumano que relaciona o uso da tecnologia à uma conduta antiética, Arnold Toynbee, historiador britânico, diz: ''Tornamo-nos deuses na tecnologia, mas permanecemos macacos na vida''. Nota-se, assim, na perspectiva do autor, a necessidade de criar responsabilidade no uso dessas inteligências, bem como de punir agentes que tenham uma conduta questionável para com os civis.       Infere-se, portanto, que a tecnologia no combate à criminalidade é uma questão que demanda aprimoramento. Posto isso, o Ministério da Justiça - entidade máxima de gestão da segurança pública brasileira - deve, por meio de aumento do repasse financeiro às Secretarias Estaduais de Segurança (SES), determinar que os Estados expandam o efetivo policial nas ruas, que deverão cooperar diretamente com as estações de monitoramento de ruas e avenidas. Ademais, é preciso que as SES, mediante treinamento, invistam nos agentes que trabalharão com aparelhos de combate à criminalidade, com o intuito de evitar condutas pouco éticas que atentem à dignidade humana.