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Enviada em: 02/08/2019

O mês de junho do ano de 2019, no Brasil, representou um marco para as mulheres no esporte em virtude da transmissão, pela primeira vez em canal aberto, da copa do mundo feminina de futebol, embora essa tenha sido sua oitava edição. Diante disso, é palpável afirmar que há no país expressiva desigualdade de gênero em relação a prática esportiva, não só na questão salarial como também social. Isso demonstra que a desvalorização do desporto feminino é uma problemática associada à tradição machista enraizada na nação brasileira e à falta de ações do Estado e da sociedade que incentivem e oportunizem cidadãs que almejam o atletismo como profissão.      Sob esse viés, mostra-se visível que o contexto histórico e social do país se conceitua como uma das causas centrais da discriminação e desvalorização do esporte feminino. Isto é, o preconceito e a cultura patriarcal - a qual o Brasil está fortemente atrelado desde sua colonização - que pode ser elucidado pela proibição da prática de desporto pelas mulheres, em 1941, no governo de Getúlio Vargas, em recorrência de, segundo estudos da época, não ser compatível com o condicionamento físico desse sexo, reproduz até os dias atuais o pensamento errôneo de que essas atividades são exclusividades masculinas. Como consequência disso, mesmo com a desmitificação da incapacidade feminina, a inclusão ainda ocorre de forma lenta e desigual, fato ratificador do pensamento da escritora francesa Simone de Beauvoir de que: "Os padrões de gênero não são biológicos, mas sociais".      Ainda nesse contexto, a carência de investimento e atenção, tanto governamental quanto social, são empecilhos para a participação de mulheres no mercado esportivo. Ou seja, a carência de apoio, patrocínio e visibilidade é um fator que reflete o gênero feminino como minoria em campeonatos, realidade que pode ser vista com clareza nos jogos olímpicos de 2016 em que elas configuravam apenas 45% do total de atletas. Além disso, a escassez de oportunidades de se profissionalizar como atleta é extremamente elevada para as mulheres quando comparada aos homens e é reflexo do carecimento de investimentos do Estado em clubes de atletismo públicos para meninas e da desvalorização por parte de grandes empresas em decorrência do sexo biológico.     Torna-se evidente, portanto, que a desigualdade de gênero é presente no esporte e a discriminação é uma barreira a ser enfrentada para sanar esse problema. Desse modo, com o fito de promover a valorização do desporto feminino é necessário que o Estado cobre dos clubes esportivos brasileiros um taxa sobre os ingressos vendidos para jogos e invista esse valor em instituições de atividades esportivas que incluam a participação feminina, de modo a financiar, assim como ocorre com os homens, campeonatos entre mulheres, para, então, garantir visibilidade e apoiar a vocação profissional.