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Enviada em: 06/08/2019

Nicolau Maquiavel, filósofo italiano, uma vez disse que os preconceitos têm raízes mais profundas que os princípios. Embora a célebre frase não tenha se referido ao machismo, que é o preconceito direcionado às mulheres, se mostra pertinente recortar tal pronunciamento quando o assunto é a valorização do esporte feminino no Brasil. Isso porque, ainda que tenhamos caminhado para uma realidade na qual as mulheres podem jogar qualquer esporte, permanecemos dentro de um sistema que as impedem de ter o reconhecimento que merecem - por puro preconceito.       Convém ressaltar, primeiramente, que o maior motivo do esporte feminino não ser tão grande quanto o masculino foram as vedações impostas às mulheres durante muitos anos. Getúlio Vargas, por exemplo, durante o Estado Novo, sancionou um Decreto-lei que proibia a prática de qualquer esporte às pessoas do sexo feminino. Atualmente, no entanto, ainda que essa lei tenha sido abolida há muitos anos, ainda existe o preconceito contra as mulheres que decidem seguir a carreira esportiva. Referido preconceito decorre da lógica de que ser uma atleta não condiz com as atribuições femininas e com o papel da mulher na sociedade - pensamento este reproduzido e ensinado por muitas famílias brasileiras.       Somado a isso, vale recordar o episódio da Copa do Mundo feminina, ocorrida em 2019, no qual a maior artilheira da Seleção Brasileira, a jogadora Marta, usou durante o jogo uma chuteira da cor preta sem qualquer patrocínio, apenas com o símbolo da igualdade azul e rosa estampado. Ela tomou essa iniciativa com o propósito de fomentar as discussões acerca da igualdade de gênero no esporte, bem como reclamar pelo patrocínio de grandes marcas - que pagam valores menores às jogadoras femininas - e incentivar maiores investimentos no esporte feminino.       Fica evidente, portanto, que são necessárias atitudes para reverter a problemática apresentada. É mister destacar a importância da abordagem igualitária nas escolas durante as aulas de sociologia e a promoção da prática esportiva pelas meninas nas aulas de educação física. Além disso, o Governo Federal, em conjunto com a mídia e por meio de propagandas, deverá fomentar campanhas de incentivo às mulheres que jogam, bem como promover a produção de programas que conscientizem e desmistifiquem o pensamento de que a mulher que pratica esportes é menos feminina. Dessa forma será possível desconstruir os preconceitos que, como disse Maquiavel, se encontram enraizados em nossa sociedade e as pessoas do gênero feminino começarão a ter a sua profissão valorizada da forma que merecem.