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Enviada em: 19/08/2019

No século XIX, a baiana Maria Quitéria vestira-se de homem para lutar na Guerra da Independência, algo que era proibido às mulheres. Hoje, no aclamado "país do futebol", as mulheres enfrentam dramas que Maria Quitéria conhecia bem: preconceitos, invisibilidade e proibições que as forçam a estarem um passo atrás dos homens. Para compreender como a participação feminina no esporte é desvalorizada, é preciso pôr em pauta a questão da invisibilidade e do preconceito e suas raízes.       Em primeiro lugar, ainda que a participação feminina no esporte venha crescendo ao longo dos anos, as mulheres ainda não alcançaram o mesmo patamar de visibilidade que os homens, resultado de anos de preconceito. A jogadora Marta, por exemplo, mesmo tendo um saldo de quase 100 gols - mais do que o Pelé -, ainda possui um salário inferior ao de homens com menor desempenho. Por mais que hoje os principais clubes de futebol do Brasil sejam obrigados a terem equipes femininas, até 40 anos atrás as mulheres ainda eram proibidas por lei de jogarem futebol.       Outrossim, o preconceito fundamentado na erotização da mulher e na vigilância da identidade de gênero constitui uma importante causa para a invisibilidade. A título de exemplo, durante o Campeonato Paulista Feminino de 2001, uma matéria do jornal Folha de São Paulo revelou que um dos pontos do campeonato eram ações que atraíam o público masculino, o que traduziu-se por calções minúsculos, maquiagem e longos cabelos presos em rabos de cavalo. Ademais, a necessidade de assegurar o arquétipo de "mãe" e "dona de casa", ao não masculinizar o corpo feminino, arrazoa a desconfiança ainda existente em mulheres praticando esportes tipicamente masculinos, como o futebol.       Dados os fatos, torna-se evidente a necessidade de combater os preconceitos que são precursores que tal situação. Para isso, as escolas devem propiciar uma educação igualitária e de gênero, a fim de amenizar as disparidades. Além disso, cabe à Secretaria de Esporte a criação de projetos que visem integrar meninas e mulheres em práticas esportivas.