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Enviada em: 14/06/2019

Os impactos da ausência de denúncia na violência contra a mulher       A violência contra a mulher tem crescido drasticamente nos últimos anos. Os casos relatados são tão expressivos que estão causando discussões em todos os setores da sociedade. Contudo, apesar do grande número de relatos, muitas mulheres acabam optando por não denunciar as agressões, o que altera significativamente as estatísticas, que podem acabar não representando a realidade de maneira adequada, comprometendo, dessa maneira, as políticas que são criadas para combater esse tipo de violência.       Entre todas as agressões relatadas na delegacia da mulher, aproximadamente 40% delas ocorrem dentro do lar e são realizadas pelo próprio companheiro ou cônjuge, de acordo com um estudo realizado pelo Senado Federal. Além disso, este mesmo estudo afirma que aproximadamente 60% das mulheres que sofrem algum tipo de agressão doméstica acabam não fazendo boletim de ocorrência, sendo o medo de represália por parte do companheiro o principal motivo para isso. Dessa maneira, considerando o número de mulheres que acabam se calando durante as hostilidades domésticas, fica evidente que os 40% relatados pela Delegacia da Mulher não refletem a realidade, pois, na verdade, os casos são muito mais frequentes.        Como resultado disso, o silêncio feminino pode acabar trazendo consequências gravíssimas para o combate a este tipo de crime. Por exemplo, a discrepâncias entre os dados que chegam até as autoridades e o que realmente acontece pode comprometer as políticas públicas responsáveis pelo combate da violência contra a mulher, pois, em decorrência disso, menos atenção pode estar sendo dada para esse problema extremamente grave que vem acometendo a sociedade brasileira.        Em síntese, o fato de muitas mulheres não relatarem as violências sofridas reduz os números apresentados e, como consequência, o governo pode não estar dando a devida atenção para o problema. Uma alternativa prática e barata para solucionar esse infortúnio seria uma ação conjunta do Ministério dos Direitos Humanos e do Ministério da Segurança Pública para a criação de um canal telefônico que proporcionasse às mulheres um meio para denunciar de forma indireta, simples e rápida qualquer caso de agressão. Desta maneira, a queixa do crime seria facilitada e evitaria o desgaste e constrangimento que muitas mulheres sentem ao ir numa delegacia para relatar um abuso. Como resultado, o número de denúncias iria aumentar a as estatísticas passariam a refletir a realidade, gerando a devida atenção para o problema em questão.