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Enviada em: 22/05/2018

A violência obstetrícia é um produto social de uma cultura machista e de reificação do corpo da mulher, isto é, a violência somente ocorre quando um dos lados - a mulher, no caso - da relação não está gozando de sua liberdade. Além disso, a transformação de um fenômeno da natureza como o parto em uma experiência traumática é resultado de sua desumanização, tornando o processo mecânico.      Nesse sentido, Foucault afirmava que toda relação social é permeada por estratégias de poder. No cenário obstetrício, em casos de violência, a equipe médica exerce seu poder sobre a mulher, reproduzindo uma cultura machista, na qual essa não pode decidir por si mesma, permitindo que se sintam violadas num momento marcante de suas vidas. Prova de que essa cultura está presente, é o fato de o Brasil ser um país líder em cesarianas, contrariando a Organização Mundial da Saúde, o que resulta da propagação da ideia de que o parto normal é um processo doloroso, fomentada pelas novelas e filmes, nos quais esse é retratado de maneira exacerbada.      Segundo o médico e cientista Michael Odent, para mudar o mundo, é preciso, antes, mudar a forma de nascer. Assim sendo, a discussão desse assunto na sociedade é essencial, pois cidadãos efetivos devem ser críticos e visar o bem comum, não ignorando, desta forma, a violência que tantas mulheres sofrem no parto. Nessa perspectiva, políticas públicas devem ser implantadas através da mobilização de representantes políticos e movimentos sociais, garantindo que as mulheres (inclusive as que dependem da saúde pública) tenham pleno direito à vida, obtendo o amparo e respeito necessários no nascimento de seus filhos.      Com esse propósito, o Ministério da Educação deve buscar a implantação do assunto no programa  obstétrico de ensino nos cursos de medicina juntamente com o Ministério da Saúde. Dessa maneira, médicos recém-formados poderão melhorar  gradualmente a forma como essas mulheres são tratadas. Ademais, a informação acerca dos direitos que a mulher possui nesse processo deve estar clara para a mesma e sua família. Para isso, os meios de comunicação, principalmente aqueles específicos para o público feminino, poderão informar melhor essas mulheres sobre o assunto por meio de matérias e entrevistas, a fim de que a violência obstetrícia não seja considerada naturalizada.