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Enviada em: 22/05/2018

O documentário brasileiro "O Renascimento do Parto", lançado em 2013, chama atenção para mais uma violência sofrida pela mulher: o desrespeito e a violência obstétrica que muitas gestantes, infelizmente, se tornam vítimas durante o período que, supostamente, deveria ser um dos mais bonitos de sua vida. O documentário traz relatos de pais e mães, médicos e especialistas que, sobretudo, alertam e atuam contra a cesariana e intervenções médicas desnecessárias. Dentre os fatores que dão origem a relatos infelizes sobre o parto, associam-se a visão machista e pecadora da mulher, bem como, uma equipe médica ultrapassada que ainda pratica técnicas questionáveis.    No Brasil, 57% dos partos são cesarianas, enquanto a Organização Mundial da Saúde recomenda o número máximo de 15%, dados da fundação das nações unidas para a infância (UNICEF, 2017). Esse é o retrato da atuação alarmante e egoísta de médicos e suas equipes, baseando-se em discursos insensíveis, anti-éticos e irresponsáveis para infligir sobre a parturiente, em um momento delicado, decisões desnecessárias. Como, por exemplo, o nascimento programado de uma criança, isto é, a cesária agendada antes do trabalho de parto começar efetivamente, configurando uma violência contra a mãe e o bebê que, naturalmente, não estava pronto para nascer. Ademais, a cirurgia apresenta riscos adicionais às mães, como casos de inflamação dos pontos ou infecções devido ao corte além de apresentar um processo de cicatrização que pode ser mais lento e doloroso.  Como se não bastasse, essas parturientes ainda sofrem com a violência obstétrica verbal e psicológica: 25% das mulheres brasileiras são desrespeitadas na gestação ou durante o parto. É comum relatos de mães que foram silenciadas pela equipe médica alegando que "na hora de fazer, não gritou", fazendo uma alusão ao sexo, ou ainda, muitas vezes assustarem as mães, colocando em sua total responsabilidade as decisões que provavelmente levarão ao sofrimento de seus filhos. Esse pensamento machista e cristão que condiciona a mulher como culpada e pecadora estão enraizados na sociedade desde a criação dos dogmas da Igreja Católica, na Idade Média, e que foram intensamente ensinados pela cultura cristã no Brasil.    Para evitar que mais relatos tristes permaneçam na realidade das parturientes é imperativo a conscientização das mesmas sobre seus direitos e sobre o parto em si para que suas decisões sejam baseadas em fatos, e não em alegações mal direcionadas da equipe médica. Essa é uma campanha que deve ser promovida pelo Ministério da Saúde e pelo SUS. Ainda esses órgãos devem contratar profissionais humanizados, como as doulas, e investir na formação e reciclagem dos profissionais da saúde, visando sempre um equipe que valoriza o milagre da vida, em sua beleza e complexidade.