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Enviada em: 23/05/2018

Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta cotidiana das gestantes brasileiras, que buscam ultrapassar as barreiras as quais as separam do direito de partejar com qualidade. Nesse contexto, não há dúvidas de que o combate a  violência obstétrica é um desafio no Brasil, a qual ocorre, infelizmente, devido não só a negligência governamental, mas também a falta de empatia dos profissionais ligados à gestação e ao parto.    A Constituição Cidadã de 1988 garante atendimento de qualidade as parturientes, todavia o Poder Executivo não efetiva esse direito. Consoante Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo verifica-se que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil à medida que a oferta não apenas de assistência de qualidade a gestante em trabalho de parto, como também a falta de auxílio nas necessidades da futura mãe não estão presentes em todo o território nacional, fazendo os direitos permanecerem no papel.   Outro ponto relevante, nessa temática, é o conceito de Modernidade Líquida de Zygmunt Bauman, que explica a queda das atitudes éticas pela fluidez dos valores, a fim de atender aos interesses pessoais, aumentando o individualismo. Desse modo, o sujeito, ao estar imerso nesse panorama líquido, acaba por perpetuar o desrespeito aos direitos e a cultura permissiva de agressão, seja física ou verbal, a gestante, tanto durante o parto quanto no pré-natal, por causa da redução do olhar sobre o bem-estar dos menos favorecidos. Em vista disso, os desafios para o combate a violência obstetrícia, estão presentes na estruturação desigual da coletividade, bem como em seu viés individualista.    Torna-se evidente, portanto, que a persistência de casos de violência obstetrícia é fruto de políticas governamentais mal elaboradas e são intensificadas nos hábitos coletivos. A fim de que essa situação seja revertida, o Executivo Federal, por meio da Ministério da Saúde, devem contratar profissionais humanizados, como as doulas, e investir na formação e reciclagem dos profissionais da saúde, visando sempre um equipe que valoriza o milagre da vida, isso ajudaria a coibir o desrespeitos às gestantes nos hospitais. Como já dito por Paulo Freire, a educação transforma as pessoas, e essas mudam o mundo. Logo, o Ministério da Educação (MEC), deve instituir, nas comunidades, palestras incluindo a participação discente e familiar, fazendo com que as gestantes e sua família, fiquem informadas acerca de seus direitos, e sejam capazes de contestar qualquer indicação de procedimento duvidoso, coibindo assim esse tipo de violência cometidas por equipes médicas, que visam apenas o benefício próprio.