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Enviada em: 28/05/2018

A violência obstétrica é considerada um problema de saúde pública segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil apesar das repercussões recentes, e movimentos sociais de mulheres denunciarem uma situação grave, o tema tem sido abordado pelo discurso médico hegemônico com grande resistência em enfrentar o debate de fato, e propor mudanças na assistência do parto. Nesse contexto, deve-se analisar o posicionamento dos órgãos de classe profissional médica, e a falta de categorização a violência obstétrica influenciam na problemática em questão.     A incongruência classificada pela ausência de informação é o principal responsável pelo alto número de mulheres que sofrem sem saber. Isso acontece porque, na atualidade,a violência durante o parto não tem visibilidade,mesmo que seja exacerbado o número de denúncias há uma falta de perfil do que se qualifica como violência obstétrica.    Em decorrência dessa escassez de informação a violência se potencializa. Há casos de humilhação psicológica, as mulheres também relatam a violação da autonomia, ao serem realizados procedimentos sem autorização, entre eles a episiotomia, uma incisão na região do períneo, a manobra de kristeller que consiste na aplicação de pressão na parte superior do útero, e o uso soro de ocitocina que causa contrações aceleradas e dolorosas para acelerar o trabalho de parto, ambas não são recomendas pela OMS, e muitas são amarradas a maca e negado o direito do acompanhante, prescrito por lei.    Além disso, nota-se ainda que há interesse econômico por trás da aceleração dos partos, já que o ganho médico é mais alto numa cesárea, e normal exige mais tempo. O Brasil é campeão mundial em cesáreas, 56% dos nascimentos, e se observado apenas o sistema particular de saúde o número vai para 86%, de acordo com a ONG Artemis, e a OMS preconiza que os índices estejam entre 10% e 15%, e atrelado a violência na hora do parto configura-se o marco da intervenção sobre o corpo feminino colocando a mulher em posição de incompetência.    Torna-se explícito, que os procedimentos dos partos normais precisam ser revisados. Em razão disso, o ministério da saúde em parceria com a justiça deve estender a lei 17.097 do estado de Santa Catarina, que protege as gestantes e classifica a violência obstétrica para todo o país, com a lei promulgada, afirmaria a existência dessa violência assustadoramente comum no Brasil. Ademais, o Conselho Federal de Medicina (CFM) deve instruir os médicos sobre novos métodos que amenizam o sofrimento no parto normal, com o objetivo de tornar uma experiência mais humanizada possível.            Dessa forma, o Brasil poderia alcançar o número recomendado pelo OMS, e a violência obstetrícia deixará de ser o medo das grávidas no país.