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Enviada em: 29/05/2018

Até o final do século XVIII, o parto era um ritual feminino, realizado em casa sob a orientação de parteiras. Com o advento da ciência e da tecnologia, o parto, antes visto como ato fisiológico, passa a ser encarado como evento médico. Nesse modelo tecnocrático, a mulher deixa de ser protagonista e o médico passa a ser responsável pela condução do processo, produzindo, dessa forma, terreno fértil para a ocorrência de violências obstétricas.       Em princípio, é importante ressaltar que o Brasil lidera os países da América Latina em número de partos cesáreos realizados, totalizando 56% (cinquenta e seis por cento) do total de partos, segundo o Ministério da Saúde, no entanto, o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de no máximo 15% (quinze por cento). Desse modo, fica evidente o culto à "cultura da cesárea", prevalente em nosso país, e a desvalorização do processo fisiológico natural, mesmo nos casos em que as parturientes optam pelo parto vaginal.     Ademas, vale pontuar que a ausência e a baixa qualidade da informação a respeito das políticas obstétricas brasileiras, gera um grande número de profissionais incapacitados e uma multidão de mulheres em potencial situação de vulnerabilidade, visto que, essas não teria condições de identificar possíveis casos de violência.       Dado o exposto, evidencia-se a urgência de debater o tema e buscar soluções para tal. Dessa forma, cabe ao Ministério da Saúde (MS) em articulação com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde implementar e incluir nas consultas de pré-natal espaços de discussão sobre a Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal, por meio de grupos e oficinas com as gestantes. O MS deve, ainda, fornecer capacitação para os profissionais de saúde sobre o tema de maneira continuada, a fim de sanar a desinformação e formar profissionais humanizados. Dessa forma, conseguiremos reduzir, a longo prazo, os altos índices relacionados à violência obstétrica.