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Enviada em: 31/05/2018

O parto no Brasil sofreu diversas modificações ao longo do tempo, principalmente nos últimos 50 anos, no qual deixou de ser realizado em domicílio e passou a ser um evento hospitalar. Todavia, não se pode afirmar que essas transformações foram exclusivamente benéficas para a parturiente e para o bebê.      Nesse contexto, a hospitalização do parto coloca a mulher como um objeto da intervenção médica, expondo-a à risco de violência obstétrica seja pelo despreparo da equipe, seja por precipitação em realizar o parto.       Em primeiro lugar, é importante ressaltar que o Ministério da Saúde se preocupa com as necessidades da gestante desde 2002 quando implantou o "Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento". Contudo, esta preocupação não trouxe muitas mudanças referente a humanização no parto.       De fato, dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam, que uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto. Isso se deve, ao despreparo dos profissionais que não veem a gestante como protagonista do parto e por isso, não a deixam ter autonomia para escolher como conduzir essa experiência. Por consequência, não a perguntam se deseja ter parto cesária ou normal, se querem anestesia ou não, ou ainda, se anseia por acompanhante durante o nascimento do filho.      Por outro lado, cabe ressaltar que a pressa durante a paridela, pode ser explicado pelo viés econômico, visto que, a equipe médica recebe honorários por procedimentos realizados e não são utilizados indicadores de qualidade para avaliação desses.      Fica evidente, portanto, diante dos argumentos supracitados que medidas são necessárias para resolver este impasse. O Ministério da Saúde deve criar mecanismos para avaliação da qualidade do atendimento, por intermédio dos pacientes atendidos, contribuindo para melhorar o atendimento e a autonomia da mulher durante o parto, e vinculando esses indicadores ao repasse do procedimento.