Materiais:
Enviada em: 07/06/2018

Na mitologia grega, Ilítia é a deusa dos partos e das gestantes, ela é responsável pela proteção das mães grávidas e fora muito importante presidindo o nascimento de outros deuses e semideuses. Baseando-se nessa perspectiva, hodiernamente, as mulheres em gestação no Brasil não contam com essa proteção. Já que a desumanização da medicina e o pouco conhecimento sobre isso esse fato colaboram para a continuação da violência obstetrícia.             A priori, para o sociólogo brasileiro Paulo Henrique Martins, a desumanização da medicina ocorreu a partir da aliança entre cientistas e homens de negócios. Dessa forma, a parição antes era muito realizada por parteiras, sendo depois realizada por médicos visando uma gestação mais segura. Assim, surge a indústria do parto que prioriza a rapidez do nascimento para conseguir atender mais pessoas e ganhar mais dinheiro. Destarte, é comum a utilização de métodos de urgência de forma banal em partos, como a utilização de ocitocina, a qual aumenta as contrações para a mulher dar à luz mais rapidamente. Como também realização de cesariana sem a necessidade e sem o consentimento da mulher, por se tratar de um procedimento mais caro. Além disso, é notável como a sociedade não é ciente desse acontecimento, nem mesmo as próprias gestantes.               Em decorrência disso, muitas mulheres acabam sofrendo com violência obstetrícia. Consoante a Fundação Perseu Abramo, uma grávida em cada quatro sofre hostilidade durante o parto, sendo vítima de agressão física ou verbal. Isso provoca danos psicológicos nas mulheres que se sentem ofendidas, inúteis, frustradas e terminam sem quererem ter outro filho, pois têm receio de sofre novamente essa violência. Ademais, mesmo diante dessa falta de empatia e irresponsabilidade, na maioria das vezes, os profissionais da saúde acabam saindo sem nenhuma punição. Dessa maneira, o que para ser um momento ímpar de felicidade acaba tornando-se um episódio traumatizante.             Perante as conjunturas sobreditas, é imprescindível a atuação do Estado, na figura do Ministério da Educação e Cultura (MEC), na imposição de uma grade de ética e humanização mais consistente nas faculdades de ciências médicas, visando, assim, fomentar o espírito de uma medicina mais humana e que haja mais respeito ao paciente da forma como foi prometido no juramento de Hipocrátes. Ainda o Estado, deve intervir através do Poder Legislativo, criando uma lei a qual puna os profissionais responsáveis pela violência obstetrícia. Por fim, cabe a ação da Mídia, com seu poder de disseminação, elucidar a sociedade sobre esse problema, evidenciando em seus programas, propagandas, novelas, seriados, além de mostrar depoimentos de vítimas. Isso posto, a Deusa Ilítia conseguirá proteger as gestantes nesse momento único.