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Enviada em: 15/06/2018

É indubitável que o sexo feminino é acometido pela violência, principalmente a obstétrica. Nesse contexto, esta é facilitada tanto por falhas informacionais de atendimento, bem como pela conduta médica desonrosa endossada pelo machismo. Por isso, se faz necessário buscar soluções a fim de mitigar a problemática.       Em primeira instância, cabe enfatizar a atual conjuntura do corpo médico e dos hospitais no tocante ao atendimento das parturientes. Sob a ótica do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, presencia-se uma época de artificialidade das relações humanas, onde a busca por prazeres pessoais sobrepõem-se ao coletivo. De maneira análoga, a falta de empatia dos profissionais pelos pacientes causa uma desumanização do atendimento médico, o que tornam as relações líquidas e induráveis. Esse infortúnio é atestado, por exemplo, em situações de episiotomia desnecessária, falta de anestesia no parto ou até mesmo a abstenção de presença de acompanhantes no parto.             Por outro lado, a postura do profissional estruturada em um viés puramente patriarcal culmina na inferiorização da gestante. No romance Dom Casmurro de Machado de Assis, o personagem Bentinho, embora sem provas, ao desconfiar que fora traído, persegue Capitu e a exila, silenciando-a ao tirá-la de seu espaço vital. De forma semelhante, hodiernamente, muitas parturientes são igualmente silenciadas e objetificadas, isto é, reduzidas ao seu corpo e anuladas de seu estado emocional e psicológico. Logo, muitas delas tornam-se passíveis de ações abusivas, sejam verbais ou físicas, que configuram em danos à saúde e vida da gestante no pós-parto  e do recém-nascido.              Infere-se, portanto, que é lastimável a violência obstétrica para o coletivo. Nesse sentido, é basilar que o Ministério Público Federal investigue as unidades básicas de saúde para coletar provas e denúncias feitas pelas parturientes a fim de garantir o direito pleno de saúde dessas. Ademais, é preciso que o Poder Judiciário garanta o exercício da justiça ao executar as penas e principalmente ao discutir o projeto de lei para enquadrar essa violência na legislação para assim acabar com a impunidade. Já as universidades em parceria com o Conselho Nacional de Medicina devem propor medidas humanizadoras para o ensino e atendimento médico ao introduzir, por exemplo, disciplinas embasadas na ética e moral humana a fim de fomentar a empatia. Só assim, poder-se-á verificar um atendimento mais digno e respeitoso às gestantes, além de garantir sua liberdade e de milhares de Capitus sob os olhares machistas.