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Enviada em: 17/06/2018

A sociedade é dependente de uma crítica às suas próprias tradições. O pensamento do sociólogo alemão Jürgen Habermas traduz a constante reinvenção da razão para que, por intermédio da comunicação entre os cidadãos, velhas construções sociais sejam rompidas. Por esse viés, depreende-se, no cenário brasileiro, a necessidade de debater a violência obstetrícia, uma vez que afeta, diretamente, a vida de todos. Diante do exposto, é mister tratar das suas principais causas e possíveis medidas relacionadas à resolução dessa questão.                    Mormente, ao discorrer-se acerca da violência obstetrícia a partir da historiografia brasileira, compreende-se a perpetuação do patriarcalismo oriundo da formação cultural deste país. Nesse sentido, a educação fomentada ao gênero feminino visava tão-só à objetificação do corpo como instrumento de satisfação máscula, mas também, da geração de prole. Ademais, faz-se acordar que, lamentavelmente, somente na Era Vargas, a primeira Constituição à qual ampliou a participação política das mulheres, com o direito ao voto e à candidatura, foi promulgada. Entretanto, percebe-se a veemência de tal ato no Brasil hodierno, posto que inúmeras ilicitudes contras às gestantes e às parturientes vêm sendo cometidas, as quais só existem em função de uma ideologia de submissão.               1988. 2018. Trinta anos da promulgação da Constituição Cidadã no Brasil. No entanto, fita-se que, concomitante ao debate histórico, o desrespeito à Carta Magna enraizou-se, profundamente, na apatia política de cada cidadão. Prova disso, já postulava, na década de 1930, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, quando disse: "a contribuição brasileira para a civilização será o homem cordial". Essa concepção nega a distinção inerente das esferas pública e privada, as quais se confundem no âmbito político, haja vista a corrupção exacerbada dos parlamentares como também a prática de "o jeitinho brasileiro", as quais destoam da obediência à lei. Assim, a erradicação deste empecilho é a adição do empenho de todos que objetivam ao bem-estar social.         O combate à violência obstetrícia, portanto, reivindica medidas mais efetivas para o asseguramento do direito à manutenção da vida. Destarte, o Estado, nas figuras dos Ministérios da Educação, Saúde e Segurança, deve investir em campanhas e projetos por meio de palestras de conscientização ministradas por educadores, cujo intuito é a destruição do patriarcalismo reinante, bem como, formar médicos cognitiva e, sobretudo, humanamente, para atender às gestantes. Além disso, a criação de delegacias da mulher é fundamental ao processo de denúncia, com o apoio da comunidade civil e das entidades no que concerne à obediência à Carta Cidadã. Espera-se, com isso, que a sociedade dirima os seus principais conflitos como postula Habermas.