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Enviada em: 19/06/2018

Durante a cerimônia de formatura, o médico recém-formado diz em seu juramento: "manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção". Todavia, muitos médicos e profissionais da saúde corrompem a promessa ao efetuar a violência obstétrica, no decurso da concepção. O ato execrável consiste no abuso e irrupção do corpo das parturientes, além da humilhação verbal e, embora seja uma prática claramente desumana, ficou silenciada no Brasil por muito tempo. Nesse contexto, a Fundação Perseu Abramo realizou uma pesquisa e constatou que uma em cada quatro mulheres é vítima da negligência no parto. Xingamentos, recusa em administrar analgésicos, excessivos exames de toque, episiotomia (corte no períneo) e cesáreas sem o consentimentos da mãe são alguns dos feitos antiéticos e inadmissíveis. Ademais, pela trivialidade e abundância da violência obstétrica, muitas mães não denunciam e permanecem no sofrimento. No âmbito social, as mães adolescentes, minorias étnicas, desfavorecidas financeiramente e soro-positivas são as principais vítimas das petulâncias. Além disso, ainda persiste a grotesca crença de que a mãe negra é mais forte e resistente que a branca, o que denota o afincamento do racismo até no ambiente hospitalar. Em consequência, as cicatrizes físicas e emocionais podem ocasionar depressão pós-parto e estagnar o desejo de engravidar novamente. Portanto, para que todas as parturientes sejam tratadas com respeito e dignidade, independente da condição social e etnia, o Ministério da Saúde é incumbido de estruturar o hospital, de forma a possibilitar e fomentar o parto humanizado gratuito, onde as decisões da mãe têm relevância. Aliado a isso, os diretores de hospital devem organizar relatórios - a serem enviados à Secretaria de Saúde - que contenham descrições das pacientes quanto ao atendimento, profissionalismo dos médicos e enfermeiros e denúncias de ações inadequadas. Assim, as impunidades serão extintas, o juramento será cumprido e as parturientes gozarão do devido respeito.