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Enviada em: 01/07/2018

Durante boa parte da história, a mulher foi alvo de violência física e verbal. Dessa forma, em uma sociedade com ideário patriarcalista e visão de que o único papel feminino é a reprodução, a violência obstétrica atinge altos patamares. Logo, tendo em vista as sérias e irreparáveis consequências de um parto mal realizado, medidas precisam ser tomadas em busca do reparo da maternidade brasileira.       Em países do Oriente Médio, como a África, as mulheres, ainda jovens, são submetidas à mutilação genital, a qual é realizada de forma extremamente arcaica e perigosa, representando uma violação ao corpo e à integridade de uma menina. Semelhantemente, muitas gestantes brasileiras sofrem com maus tratos durante o parto. Uma pesquisa realizada pelo SESC expôs que uma em cada quatro parturientes sofre algum tipo de violência, como o uso excessivo de força por parte de terceiros, ausência de analgesia, cortes sem consentimento da paciente, além de ofensas verbais que ocasionam traumas. Quando em âmbito público, ainda podem ser acrescentadas a má infraestrutura e ausência de profissionais da saúde em número suficiente, de forma que o atendimento seja dado de modo precário.     Como consequência disso, é grande a probabilidade de algum dano físico para as pacientes submetidas a este tratamento, como significativa perda de sensibilidade íntima, ocasionando em desconfortos sexuais, sequelas nos órgãos envolvidos na gestação e fraturas. Também ressaltam-se os transtornos psicológicos que podem ser desencadeados após uma experiência traumática, como depressão, estresse e até dificuldade de relacionamento com o bebê.         Entretanto, apesar das evidências, muitas vítimas não conseguem se reconhecer como tal, devido à naturalidade com que estes acontecimentos são encarados. Dessa forma, são raras as denúncias, fato que contribui para a eternização desse tipo de violência. Ademais, destaca-se o negligenciamento de tópicos como humanização e ética por parte de parcela dos profissionais da saúde, além da mecanização do atendimento.       É possível constatar, portanto, a persistência da violência obstétrica na sociedade brasileira e a necessidade de sua erradicação. Sendo assim, o Ministério da Saúde deve investir em infraestrutura e modernização dos hospitais e clínicas de acompanhamento gestacional, contratando também mais profissionais da saúde, incluindo psicólogos e terapeutas capacitados e humanizados, que possam prestar auxílio às mulheres com qualidade, evitando qualquer tipo de violência. Simultaneamente, o Estado deve conscientizar a população acerca dos abusos obstétricos, por meio de campanhas que relatem e esclareçam os sintomas e os riscos, incentivando também as vítimas a denunciar, para que as devidas medidas sejam tomadas e, finalmente, a maternidade seja restaurada.