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Enviada em: 01/09/2018

É fato que o mundo mudou e, com ele, as relações interpessoais se modificaram em decorrência do capitalismo. Nesse contexto, a violência obstetrícia existe no Brasil por causa da necessidade individual de dar celeridade ao parto pelos profissionais da área de saúde e pela falta de humanização. Portanto, é imprescindível a criação de medidas protetivas e punitivas para quem pratica tal ato.        Em primeiro lugar, o capitalismo trouxe mudanças para o mundo contemporâneo, as quais modificaram a maneira como as pessoas se relacionam e o modo de produção. Hoje, o objetivo primordial é lucrar e, na área médica, muitos "profissionais" optam pela profissão visando o dinheiro, apenas. Nesse ínterim, médicos deixam de lado o Juramento de Hipócrates feito ao se formarem e fazem uso da razão instrumental, cujo objetivo é o atendimento de interesses particulares; em detrimento da razão crítica emancipatória, defendida pelo filósofo Jürgem Harbermas, cuja prioridade é o coletivo, a partir do consenso, ao respeitar as liberdades individuais. Destarte, a mulher tem o direito de ser respeitada nas suas decisões sobre o parto e de ser tratada de forma digna.        Outrossim, na modernidade líquida de hoje, a falta de uma formação humanizada e a impunidade levam muitos colaboradores dos hospitais a tratarem suas pacientes de forma hostil, como se fossem mercadorias. A exemplo disso, tem-se a aplicação de ocitocina para estimular a contração uterina. Segundo reportagem vinculada pela Revista Época, 36% das mulheres receberam essa substância para acelerar o parto, o que corrobora a impaciência e falta de ética desses profissionais, uma vez que seu uso deveria ser uma exceção e não uma prática comum. Além disso, a não humanização dessas pessoas as fazem tratar as pacientes com grosseria e ironia e, essa falta de empatia gera violência obstétrica contra a mulher, que merece ser discutida e combatida pelo Estado.        Para atenuar tal realidade, o Ministério da Educação deve incentivar o exercício de valores como alteridade e respeito nas universidades, além de humanizar os profissionais da área, por meio de discussões, diálogos e palestras nas faculdades e comunidades, para que assim, seja possível se colocar no lugar do outro, pensar e agir de forma coletiva, em prol do benefício da sociedade. Ademais, existe uma máxima jurídica que diz que pior do que não ter leis, é tê-las e não aplicá-las. Logo, o Poder Judiciário deve garantir a aplicação das leis já existem que visam proteger as gestantes e punir aqueles que cometem violência obstetrícia, por meio da destinação de recursos financeiros às Secretarias de Combate a Violência Contra a Mulher; para que sejam feitas campanhas de incentivo à denúncia dessa prática e para a formação de um corpo técnico multidisciplinar a fim dar suporte psicológico e jurídico às mães, além de ampliar as equipes de fiscalização do cumprimento das leis.