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Enviada em: 20/07/2018

Um mal desconhecido       Embora a Lei Maria da Penha ter sido essencial para o combate da violência contra a mulher, um ambiente permanece quase que incólume esse avanço social: o hospitalar. Nele, a violência que mais aflige as mulheres é, talvez, a agressão obstetrícia, que em gestantes durante o trabalho de parto. Apesar de ser uma das categorias de delitos cometidos contra os indivíduos do sexo feminino, essa questão ainda é pouco conhecida do grande público e, quiçá, das próprias vítimas se comparada com a que ocorre em ambiente doméstico ou laboral.       Nesse sentido, a sociedade do espetáculo, como Guy Debord denomina a sociedade atual, e a mídia tem papel fundamental no ocultamento dessa problemática. Os meios de comunicação, portanto, negligenciam essa questão, o que a torna desconhecida do grande público. Além disso, as instituições de saúde tendem a acobertar esses abusos cometidos em suas dependências, tal qual ocorreu em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, no Hospital Alcides Carneiro, onde dois bebês foram mortos devido à práticas de violência obstétrica em junho de 2018.       Além disso, a carência de denúncias por parte das vítimas torna o tema ainda mais desconhecido. Isso ocorre porque no ambiente hospitalar são considerados normais atos de violência obstétrica, como a não utilização de anestesia durante o parto e afins. Assim, temos como consequência disso o dado da rede de mulheres Parto por Princípio que informa que 25% das mulheres em processo de gestação sofreram violência desse tipo, o que torna a denúncia algo essencial ao combate desse problema.       Portanto, a temática da violência obstétrica ainda permanece desconhecida se compararmos a outras categorias de violência contra a mulher. Para se reverter esse quadro, é necessário que o Poder Público, por meio do Ministério da Saúde, crie campanhas publicitárias a fim dessas serem divulgadas na mídia para se amenizar a falta de discussão do tema na sociedade. Outrossim, deve-se levar essas campanhas ao ambiente hospitalar para que profissionais da saúde e, majoritariamente, as mulheres gestantes conheçam a problemática e, assim, denunciem casos desse tipo de violência. Assim sendo, esse mal pode deixar de ser desconhecido e, por conseguinte, pode se tornar mais clara o debate sobre ele.