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Enviada em: 04/09/2018

O Brasil conta com inúmeros programas que incentivam maior preocupação e acompanhamento para uma gestação saudável e livre de complicações, visto a quantidade de casos de mortalidade e doenças gestacionais passíveis de prevenção. Em contrapartida, é crescente o número de mulheres vítimas de algum tipo de violência decorrente nos procedimentos do parto.  Complexos aspectos sociais, demonstram deficiências de cunho cultural relacionadas ao modo que as mulheres são vistas e tratadas desde sua concepção. E tais insuficiências abrangem setores diversos, inclusive aos que tangem a gestação.  Estimasse que cerca de 60% das mães do país, tenham sofrido algum tipo de violência - seja física ou psicológica - durante o processo de parto. E tais números - muitas vezes concentradas em regiões mais carentes - abrangem também instituições particulares, embora as maternidades públicas concentrem maior índice de ocorrências.  Exemplificando tal realidade - ainda pouco discutida - relatos de mulheres optantes pelo parto normal, explicitam em suas experiencias,intervenções - cirúrgicas e irreversíveis - em prol de facilitar a passagem da criança ao nascer. Um desdes procedimentos popularmente conhecido como "pique", consiste na mutilação do órgão sexual feminino, normalmente, sem consulta ou autorização da paciente, quem carregará sozinha as consequências do método arcaico. Além disso, processos invasivos e dolorosos, como a inserção de materiais para forçar a saída da criança que corre sérios riscos de machucar-se. Além disso, inúmeras mulheres são diariamente, forçadas até o exaustão em um parto clinicamente impedido, antes que possam "optar" por uma cesariana, já correndo riscos maiores, passadas inúmeras horas de esforço desnecessário.   Em decorrência dos fatos apontados e tantos outros encobertos, é de extrema importância que haja maior engajamento social na luta contra a violência, seja ela de qualquer natureza. O governo, por sua vez, precisa agir de maneira mais eficaz no que tange os programas vinculados a saúde, oferecendo melhor estrutura e qualificando melhor seus profissionais. Também é indispensável a desmistificação da "naturalidade" de um processo obstétrico, conscientizando os futuros pais dos reais riscos que uma gravidez ocasiona e de seus direitos em questiona-no . Para isso, sugere-se ao Ministério da Educação em conjunto com o Ministério da Saúde, a disponibilização de programas de apoio e palestras abertas a comunidade, capazes de despertar na sociedade o desejo de mudança e acabar de uma vez por todas com a desvalorização da mulher e a desnaturalização do sofrimento vivenciado por elas. Um silêncio imposto pela cultura machista e opressora do qual a sociedade brasileira emergiu mas que agora, tem a chance de mudar e tornar a maternidade, uma alegria, e não uma incerteza.