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Enviada em: 12/10/2018

"Meu corpo, minhas regras" é um dos temas mais atuais da causa feminista. Entretanto, mesmo com sua constante luta, os direitos das mulheres sobre seus corpos seguem sendo desrespeitados até mesmo em lugares onde deveriam cuidados: os hospitais. Dentro dessa realidade, a falta de informação sobre o assunto contribui para a recorrência da violência obstétrica, um quadro agravado pela progressiva falta de empatia do mundo contemporâneo.   Em primeiro lugar, as mulheres nunca puderam exercer plenamente a ideia de John Stuart Mill de que o ser humano é soberano sobre seu corpo e mente. Isso porque o corpo feminino, sempre recebendo ordens da sociedade, por muito tempo não pertenceu as mulheres. Consoante a tanto, práticas nocivas a seus corpos foram e são até hoje banalizadas e, desta forma, muitas gestantes não tem consciência de que certos atos cometidos por profissionais, entre o pré-natal e o puerpério, configuram um tipo de violência. Porém, ainda que, segundo a Revista Época, 25% das mães brasileiras tenham sido desrespeitadas em suas gestações – o que denuncia um quadro comum – , o tema da violência obstétrica ainda é pouco abordado no país.   Contudo, a lacuna de informações não é o único fator que faz desses casos agressão frequentes. Sob  a perspectiva baumaniana, tanto as relações de trabalho quanto as sociais vêm sofrendo uma crescente desvirtuação, resultando numa falta de empatia dos indivíduos no exercer de sua profissão. Diante disso, é possível afirmar que alguns profissionais optam por realizar procedimentos que lhes são mais benéficos em detrimento das escolhas e do bem-estar da gestante. Tal conduta é extremamente prejudicial a mulher, pois pode causar sérios danos a sua saúde mental, impactar em sua sexualidade e, como consequência, afetar negativamente sua qualidade de vida.   Logo, é dever do Ministério da Saúde promover, mediante uma parceria entre as secretarias estaduais e municipais de saúde, ações de conscientização sobre a violência obstétrica nas cidades, como palestras para as grávidas e a fixação de cartazes informativos sobre o tema nos hospitais e postos de saúde, a fim de tornar as gestantes cientes do assunto e incentivá-las a denunciar, caso se identifiquem como vítimas de tais agressões. Ademais, cabe ao SUS e as empresas que oferecem serviços obstétricos estabelecer uma comunicação com a gestante, por meio da implementação de um questionário mensal, no qual ela possa opinar sobre o tratamento que está recebendo, com o objetivo de manter a conduta dos funcionários sob constante avaliação e identificar possíveis irregularidades.