Materiais:
Enviada em: 13/10/2018

Segundo a ideia do sociólogo Émile Durkheim, a "solidariedade orgânica", a qual consiste na interdependência e na diversidade entre os indivíduos, busca, através do respeito, um meio coeso e harmônico. Analogamente à essa filosofia, contrapõem-se os casos de violência obstétrica no Brasil, ao romper com a harmonia sólida proposta pelo sociólogo. Desse modo, evidencia-se o despreparo dos profissionais hospitalares no tangente às relações interpessoais, bem como a negligência social frente ao conhecimento de tal violência como agravante à problemática.     A princípio, pode-se perceber que esse contexto se relaciona a questões estruturais e éticas. De acordo com Zygmunt Bauman, vivem-se tempos líquidos, onde nada é feito para durar, visto que, a efemeridade das relações sociais sobrepõe-se às humanas. De maneira análoga, é possível perceber que, a violência obstétrica se relaciona com a "modernidade liquida" contemporânea pois, os profissionais hospitalares, como enfermeiras e médicos, submetem a gestante à momentos de constrangimento, ao questionarem, por exemplo, o padrão financeiro e social da mulher a sua quantidade de filhos. Desse modo, evidencia-se a importância do melhor preparo desses profissionais antes de inseri-los no meio de trabalho.    Outrossim, é possível relacionar a permanência da violência obstétrica no Brasil à questões socioculturais. Acerca disso, Diderot defendia a transformação da sociedade pelo aprofundamento das ciências humanas, no entanto, observa-se que, no país, apenas uma pequena parcela social tem acesso à recursos educacionais, fato que corrobora também para o desconhecimento da violência materno-infantil pelas famílias, sobretudo as que vivem à margem da sociedade, visto que são as mais afetadas. Equivalente ao exposto, é cabível questionar também, a quantidade ínfima de denúncias atrelado ao medo e vergonha das vítimas diante do constrangimento passado, tornando o combate minimizado e subaproveitado.     Torna-se evidente, portanto, que os caminhos para o combate à violência obstétrica no país apresentam entraves que precisam ser revertidos. Logo, é necessário que o Ministério da Saúde investigue os casos de impunidade, por meio de setores do judiciário exclusivamente destinados à área da saúde, com a revogação da carteira profissional dos médicos e/ou enfermeiros envolvidos na violência exposta, a fim de assegurar maior conforto e segurança as demais gestantes. Além disso, o Governo Federal, junto as emissoras abertas de televisão devem aplicar campanhas de abrangência nacional com o intuito de expor à realidade da violência obstétrica a todas as parcelas da população. Assim, poder-se-á, enfim, garantir um país organicamente solidário.