Materiais:
Enviada em: 18/10/2018

Segundo Foucault, em sua obra "Vigiar e Punir", a sociedade promove o adestramento dos corpos, e os encaixa em padrões sem levar em consideração as individualidades. De maneira análoga, a padronização de procedimentos obstétricos banalisa a violência sofrida por gestantes, que adquirem experiências traumáticas em relação à gravidez, visto que as operações são realizadas sem o respeito às diferenças fisiológicas existentes em cada mulher.            Sob esse viés, cabe ressaltar que a gestação é um período de vulnerabilidade, pois as emoções são ampliadas devido a atividade de hormônios. No entanto, a falta de empatia presente nas equipes médicas leva ao desrespeito dessa condição e torna as humilhações de cunho físico e moral recorrentes, afinal, a gestante é submetida à cesárias desnecessárias, cortes violentos na região do períneo para a passagem do bebê e à piadas ofensivas relacionadas a dor do parto. Dessa maneira, convém destacar que esses desrespeitos são decorrentes do desconhecimento da mulher em relação aos seus direitos, e também, da falta de diálogo com o obstetra para estabelecer o planejamento necessário que atenda às especificidades da grávida em questão.            Nesse contexto, vale enfatizar o filósofo John Locke, o qual definiu o ser humano como uma tela branca moldada a partir das experiências vividas. Desse modo, a gestante, ao ser submetida ao tratamento citado anteriormente, pode desencadear traumas corporais devido a brutalidade e depressão pós-parto, doença na qual a mulher não possuirá estruturas emocionais para cuidar do recém-nascido e de si mesma. Em virtude disso, perderá a perspectiva de vida que havia planejado durante a gravidez.           Diante do exposto, é imprescindível a ação do Ministério da Saúde em consonância à obstetras especializados para elaborarem uma cartilha que contenha os direitos e os procedimentos adequados de gestação, bem como essas deverão ter planos de parto preenchidos pela mulher com o acompanhamento médico que atenda às especificidades e planejamentos da grávida. Com o intuito de promover o conhecimento dos pais acerca dos seus direitos. E assim, gerar-se-á experiências saudáveis com a chegada do recém-nascido na vida da mãe.