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Enviada em: 31/10/2018

Platão, filósofo clássico grego, em seu famoso "mito da caverna", dizia que a sociedade vivia alienada pelo senso comum, que ofuscava a realidade, e que ela só poderia ser obtida por meio da informação e questionamento. De forma análoga, hodiernamente, as mulheres que sofrem com a violência obstétrica no Brasil, em sua maioria, desconhecem que estão tendo seus direitos violados, assim como grande parte da sociedade, que ao presenciá-la, não refletem sobre seus impactos negativos para mãe e filho. Dessa maneira, vale a pena analisar as principais causas dessa problemática.     Em primeiro plano, a precariedade do sistema público de saúde faz com que essas mães estejam acostumadas e conformadas que estão sujeitas a sofrerem humilhações e tratamentos desumanos a qualquer momento, desde nas longas filas até na hora do parto. Por isso, a impunidade dos profissionais que cometem atos que podem colocar até mesmo a vida da criança em risco, como a aplicação de medicação para acelerar o trabalho de parto sem conhecimento da mãe, que é constante no Sistema Único de Saúde (SUS), pela superlotação dos hospitais, são certos, e a falta de condições financeiras dessas gestantes, que optam, grande parte das vezes, por esse serviço, por seus status, não tem recursos para um lento, caro e, muito provavelmente, inútil processo.      Outrossim, a desinformação da sociedade como um todo e a falta de visibilidade do assunto, acaba a tornando uma coisa banal e comum, o que é muito perigoso. Na Roma Antiga, por exemplo, grande parte das mulheres morria na hora do parto, feito sem condições de higiene e técnicas adequadas para assegurar a sua integridade e do bebê. Entretanto, era normal, e por isso demorou séculos para ser mudado. Assim, com a pauta invisível, muitas mães ainda continuarão pagando pelo preço do senso comum até mesmo com suas próprias vidas.     Medidas, portanto, são necessárias para resolver-se o impasse. O Governo Federal deve, com apoio de ONG'S, adotar medidas que coloquem a disposição da grávida, fichas de avaliação do tratamento, com as formas de violências obstétricas evidenciadas em tópicos e espaço para que ela possa denunciar um possível caso, e que iriam diretamente para a delegacia da mulher. De outro lado, com apoio da mídia, deve divulgar em rede nacional aberta, em emissoras de maiores alcances, a importância da denúncia e da não aceitação desse tipo de agressão nas unidades de saúde, para que possam ser vistos e punidos com clareza os casos que acontecerem desde então. Só assim, a caverna de Platão será vencida com a informação.