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Enviada em: 03/11/2018

Na Grécia Clássica, Platão defendia que as mulheres deveriam ter a mesma educação que os homens. No entanto, as mulheres atenienses eram subjugadas, inferiorizadas. É ingênuo pensar, embora hoje seja outro tempo, que esse desnível esteja superado. Isso é, o sexo feminino ainda sofre, e quanto à situação do parto no Brasil, o cenário é pior do que se imagina. Há diversos relatos de mulheres que não puderam escolher como seria o próprio parto e até a realização do procedimento conhecido como "ponto do marido" sobre o próprio corpo sem seu consentimento.       Primeiramente, há na História episódios lamentáveis envolvendo a obstetrícia. No século XIX, o número de mortes de mães no pós parto era altíssimo. O que acontecia era: o médico realizava autópsias para tentar averiguar o que havia de errado; mais tarde, esse mesmo médico era o responsável pelos partos, e mais óbitos aconteciam. Nesse contexto, o médico húngaro I. Semmelweis alegava que os médicos deveriam lavar os mãos antes de cada parto. E, com a higienização, o cenário melhorou, mas mesmo assim, os médicos não adotaram a prática e descredibilizaram as ideias de Semmelweis, que só seriam comprovadas mais tarde.       Com isso, é pertinente indagar por que os parteiros insistiram em não lavar as mãos. É sabido que não existiam conhecimentos microbiológicos. Porém, a melhora foi perceptível, a higiene ajudara. Será que por se tratar de mulheres, a negligência se tornou mais provável? Provavelmente, por mais absurdo que isso seja. Por exemplo, no brasil, mulheres presidiárias davam a luz algemadas. Somente em 2017, aprovou-se uma lei em que se proibiu o uso das algemas. Ademais, a Organização Mundial da Saúde recomenda o parto normal, e, mesmo assim, o Brasil é o segundo no mundo a realizar cesáreas - com uma taxa de 57% (informações disponíveis no portal de notícias "online" do Senado Brasileiro).       Ao exposto, depreende-se que, não bastasse o passado problemático, o presente ainda se mostra defeituoso. Então, a fim de respeitar as futuras mães, urge um direito de soberania sobre o próprio corpo, é mais que pertinente que elas escolham como será seu parto: natural (com ou sem anestesia) ou se prefere cesárea; se quer ou não acompanhante na sala de parto; se deseja ou não o polêmico "ponto do marido" e etc. Para tanto, a Justiça Federal deve implementar uma lei que exija, em todo o território nacional, o direito da gestante para com seu parto e sobre seu corpo, disponibilizando-se um formulário para a escolha desses e tantos outros pontos que forem necessários incluir em lei.