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Enviada em: 19/05/2019

Fordismo Neonatal   A série americana "The Handmaid's Tale" aborda em seu enredo a temática maternal e a agressão sofrida pelas mães em questão. Ainda que retratada em um futuro utópico, o estorvo é realidade de uma em cada quatro mulheres brasileiras. Dessa maneira, é possível observar que a violência neonatal é consequência de uma sucateada estrutura pública, que somada à defasada formação médica, coíbe um parto saudável tanto para a mãe quanto para a criança.    Em primeira análise, pode-se observar que o sistema de saúde passa por uma das mais graves crises econômicas da história. A problemática, destarte, reflete-se também maternidades, sobretudo, periféricas. Estas, com menor investimento, acabam por fornecer aos seus pacientes um inviável parto humanizado. Assim, o conceito antropocêntrico desenvolvido no Renascimento torna-se díspar diante do âmbito nacional. Já desgastado, o cenário resulta às mulheres uma experiência traumatizante. Em vista disso, mães e bebês são expostos a riscos patológicos, podendo inclusive contrair infecções generalizadas e exponenciar os já comuns estresses pós-parto.    Ademais, embora receba uma posição de destaque, a especialização obstétrica brasileira demonstra-se fadada à formação técnica do profissional. Diante dessa situação, os médicos em exercício de profissão possuem um quase nulo contato afetivo com as mulheres prestes a dar à luz. Com isso, a relação de empatia não é desenvolvida e acaba por acarretar casos de agressão verbal e psicológica à paciente. Dessa forma, de maneira análoga ao fordismo, o proletário em questão, alienado com sua restrita função, é alheio ao produto final de seu trabalho, no caso dos hospitais, o bebê e seu bem estar. Frente à defasagem, os dilemas enfrentados pelas mulheres agravam-se e impossibilitam seu exercício pleno de direito quanto a um atendimento satisfatório e salubre.     É, portanto, comprovável que a violência obstetrícia é consequência direta de uma má estrutura hospitalar e educacional. Diante de tais questões, urge de órgãos responsáveis pelos setores em pauta, promover medidas retificadoras. A exemplo, destaca-se o Plano Cegonha, que já em vigor, pode estender-se a maternidades ainda não filiadas por serem mais distantes. De mesmo modo, o Ministério da Saúde, aliado à Febrasgo (Federação Brasileira de Geriatria e Obstetrícia) deve implementar aos médicos em especialização e já especializados, aulas e palestras de viés psicológico. Assim, poderá prepará-los para lidar emocionalmente com mamães e bebês, de modo a tratá-los respeitosamente e erradicar o fordismo neonatal vigente no Brasil.