Materiais:
Enviada em: 18/06/2019

O termo cesária possui sua raiz etimológica na palavra ''caedere'', que significa corte, cortar. Essa prática foi aplicada por médicos no domínio estrito da obstetrícia apenas no século XVIII, embora relatos apontam que o general da República Romana, Júlio César, nasceu do ventre de sua mão, já morta, por meio de um corte realizado no adome dela. Do contexto à contemporaneidade, a desumana violência obstétrica aflige o direito de escolha da mulher sobre condições dignas no hora do parto e viola a intimidade e o corpo de uma mão que espera o nascimento de seu filho.     A realização de procedimentos impostos, uma das principais violações ao corpo da mulher, na hora do parto desencadeia o sofrimento de abuso e maus tratos. Essas emoções fragilizam a capacidade de relacionamento social, pois, além de sofrerem fisicamente,as mulheres estão suscetíveis ao desmoronamento psicológico e, até mesmo, ao desenvolvimento da depressão. A utilização de cortes desnecessários no aparelho reprodutor feminino para a retirada forçada do bebê, por exemplo, deixa marcas e cicatrizes que acompanharão o corpo da mulher ao longo de toda a sua vida, sinais esses que foram incessantemente pedidos para não ocorrerem durante o trabalho de parto, mas que foram negligenciados, de modo geral, pela equipe médica. Segundo a revista Época, uma em cada quatro brasileiras diz ter sofrido violência no parto - fato que comprova o abuso sofrido dentro das salas hospitalares. Além disso, a agressão sofrida pela mãe, além de físicas, são também morais.    Xingamentos, humilhações e desencorajamento alteram ciclos hormonais da mulher que seriam essenciais para o nascimento tranquilo do bebê. Ainda assim, o processo desumano de trabalho de parto põe em risco, de certa forma, a vida da criança, pois, em um cenário conturbado, a equipe médica pode fraturar as costelas da mãe, por meio de pressões e pancadas na barriga, e alterar tanto o canal de saída do bebê quanto a integridade de seus órgãos internos. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), deve-se reduzir intervenções cirúrgicas desnecessárias e recomenda que as equipes médicas e de enfermagem não interfiram no trabalho de parto de uma mulher de forma a acelerá-lo - promovendo assim a harmonia física e psicológica do corpo feminino e a seguridade da criança.   Por conseguinte, necessita-se humanizar o trabalho de parto por meio de equipes médicas mais instruídas a atenderem não somente as capacidades técnicas fisiológicas mas também os desejos da paciente grávida, sem a prática de violações morais e abusos físicos que violem a integridade da mãe e do filho. Para isso, o MEC deve exigir das universidades, em cursos da área da saúde, aulas de atendimento social e humano para, assim, promover a capacitação do profissional a condutas que prezem a moralidade, ao respeito e ao tratamento digno,humano.