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Enviada em: 09/07/2019

Segundo o sociólogo contemporâneo Sérgio Buarque de Holanda, as tendências comportamentais dos brasileiros são orientadas de acordo com o altruísmo e a compaixão. Tal premissa, entretanto, não se reflete no meio obstétrico nacional, visto que mulheres gestantes são constantemente violentadas de forma física e psicológica nesse âmbito. Assim, faz-fundamental  analisar as causas e possíveis soluções da problemática.    Inicialmente, é válido reconhecer a inferiorização dos pacientes pelos profissionais da área sanitária como um dos obstáculos no enfrentamento  do problema. Acerca disso, deve-se observar o conceito de ética para o filósofo do século XVIII Immanuel Kant, no qual se afirma que uma ação só pode ser considerada correta caso possa ser praticada de forma universal. Nesse contexto, torna-se evidente que o tratamento desumano exercido pelos médicos ao não ofertar  terapias que objetivem o bem estar da mulher confronta a ética kantiana, dado que se tal comportamento fosse repetido em outras áreas, a sociedade entraria em profundo desequilíbrio. Dessa forma, observa-se a necessidade de adotar medidas que coíbam o tratamento cruel do meio hospitalar.    Além disso, a ausência de controle governamental sobre as práticas obstétricas também pode ser apontada no estudo da problemática. De acordo com a filósofa alemã Hannah Arendt, práticas maldosas e violentas só ocorrem  quando há espaço institucional para tais condutas. Nessa perspectiva, pode-se dizer que a falta de normas no âmbito sanitário propicia a formação de atitudes extremamente prejudiciais ao público feminino. Tal fato é observado no cerceamento da autonomia da mulher em relação à escolha de remédios que, segundo o instituto Fiocruz, acontece em cerca de 36% dos partos no País. Desse modo, nota-se o papel negativo do Poder Público nessa questão.    Fica evidente, portanto, que são necessárias medidas para enfrentar a violência obstétrica no Brasil. Logo, é mister que a sociedade civil, junto aos meios midiáticos, possibilite a existência do correto atendimento às gestantes, mediante a adoção de campanhas publicitárias que objetivem a conscientização dos profissionais acerca da necessidade de um tratamento humanizado. Outrossim, o Estado, como instituição garantidora do bem estar dos indivíduos, deve promover a regularização das práticas obstétricas, por meio da elaboração de normas que coíbam, do ponto de vista legal, os maus tratos na área hospitalar.