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Enviada em: 17/02/2019

Na música súplica cearense, do Rappa, o eu-lírico diz a Deus que tem "seca demais, chuva não tem mais". Esses versos alimentam a ideia que imperou durante muito tempo no Brasil: a de que a falta de água está relacionada apenas ao sobrenatural. No entanto, hoje, sabe-se que a crise hídrica brasileira é fruto de uma lógica paradoxal, cujos efeitos tendem a ser devastadores para o país.        No Brasil, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), o consumo de água aumentou 80% nos últimos 20 anos, e até 2030, haverá um acréscimo de aproximadamente 30%. Esse crescimento está diretamente associado ao desenvolvimento econômico e a urbanização. Por outro lado, os gestores públicos não investem em infraestrutura eficiente e deixam a solução do problema hídrico a cargo da natureza, na expectativa de que São Pedro fornecerá a chuva necessária para o reabastecimento.      Como consequência, os reservatórios diminuem cada vez mais em todas as regiões do país. E alternativamente, o Governo aproveita o volume morto, o qual certamente irá fornecer uma água de péssima qualidade para a saúde da população. Isso irá gerar conflitos pelo uso da pouca disponibilidade desse bem natural, como no caso de boa parte do Nordeste, em que os poderosos coronéis apropriam-se dessa riqueza escassa, em prejuízo dos demais, de acordo com a ANA.     Dessa forma, o Governo deve investir em infraestrutura hídrica e saneamento básico por meio de uma visão integrada dos recursos disponíveis, com foco na otimização do uso (inclusive, água de reuso) e do armazenamento dela. Além disso, a Administração Pública em ação conjunta com a Mídia, podem educar a população sobre o uso consciente da água, mediante campanhas e também da ficção engajada, como a novela, a qual tem grande capacidade de atração de espectadores.