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Enviada em: 15/06/2019

Vidas secas, romance publicado em 1938, conta a história do vaqueiro Fabiano que juntamente com sua família, enfrenta uma vida miserável em meio à seca nordestina, sendo obrigado a se deslocar de tempos em tempos como retirante para áreas com maiores possibilidades de sobrevivência. Embora seja uma obra ficcional, o livro apresenta características que se assemelham ao contexto atual brasileiro. Destarte, faz-se pertinente debater acerca das causas da atual crise hídrica.        Em primeiro plano, é válido ressaltar que como afirmava o sociólogo Bauman, a modernidade líquida traz consigo a fragilidade dos laços humanos. Sob essa ótica, nota-se na atualidade, uma realidade individualista visto que o desperdício de água cresce de forma descomunal. Os brasileiros ainda mantêm hábitos que contribuem para uma má gestão dos recursos hídricos existentes.  Podemos citar como exemplo: torneira mal fechada, o banho demasiadamente demorado, mangueira ligada sem uso, a lavagem de calçadas etc. Verifica-se portanto a falta de conhecimento sobre como a água é essencial para quase todas atividades de sobrevivência humana, animal e das plantas.        Outrossim, torna-se evidente que um contribuinte ao emprego irresponsável da água é o chamado “consumo virtual”. Isto é, a quantidade líquida utilizada para a fabricação de produtos, como, automóveis ou a própria calça jeans, que necessita de 11.000 litros para atingir a tonalidade ideal. Neste sentido, intuímos que o desperdício desse composto inorgânico não provém unicamente dos descuidos dos cidadãos, visto que as indústrias favorecem sua carência, ao visar a promoção de lucros comerciais do sistema de produção capitalista.             Diante desse panorama, faz-se imprescindível a tomada de medidas ao entrave abordado. Para tanto cabe ao poder midiático alertar e orientar o público sobre o uso consciente mostrando seguidamente nos veículos de informação as consequências da crise hídrica e abordando o assunto com seriedade nos noticiários. Além disso, é de suma importância  o tratamento da água de esgotos a fim de que as indústrias as reutilizem de forma sustentável e, assim, conter os gastos do consumo virtual. Por exemplo, as águas de reuso de engenhos de açúcar são ótimas opção para lavagem de pisos, sistema de esfriamento, serviços financeiros e até mesmo irrigação. Dessa forma garantir-se-á que todos aprenderão com a atual crise hídrica e é claro que ela será restrita de fato a distopia de " Vidas Secas"  à ficção.