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Enviada em: 07/06/2017

Seca: lobo do homem      No primeiro registro da história do Brasil, o escrivão Pero Vaz de Caminha, ao informar sobre a recente terra descoberta, destaca, entre muitas riquezas, a água abundante e de excelente qualidade. Ao longo dos séculos, esse "espírito de abundância", juntamente com a má administração dos recursos, resultou em sucessivas estiagens, cada vez mais longas. Com isso, surgiu a problemática da crise hídrica que se encontra intrinsecamente ligada à realidade do país, seja por fatores históricos, seja pela lenta mudança de mentalidade social.         Em primeiro plano, é indubitável que o processo de urbanização está entre as causas do problema. Devido sua industrialização tardia, o Brasil vivenciou um período intenso de êxodo rural, que, sem o planejamento estrutural correto, deixou como sequela um inchaço urbano, o qual sofre, até hoje, com a carência de saneamento básico e de uma melhor distribuição de água, principalmente, em regiões periféricas da cidade. Assim, evidencia-se a importância da construção de tanques e cisternas, por parte da esfera municipal do poder, com o objetivo de ser um meio de armazenar a água da chuva para se utilizar em momentos de seca.          Outrossim, destaca-se a ausência do exercício da cidadania como um dos impulsionadores da persistência dessa problemática. Segundo Durkheim, o fato social é uma forma coletiva de agir e pensar, dotada de coercitividade, generalidade e exterioridade. De maneira análoga, observa-se que, se uma criança reside em uma família que possui um comportamento negligente quanto ao uso dos recursos hídricos, como lavar a calçada diariamente e passar um tempo exagerado no banho, tende a adotar e perpetuar esse contínuo desperdício, fazendo valer a máxima do sociólogo.            Torna-se perceptível, por conseguinte, que a crise hídrica, além de ser fruto de uma industrialização mal planejada, é resultado do desconhecimento de suas consequências como um grande fato social. Logo, para modificar esse cenário, o Governo Federal deve implementar tanto palestras em escolas e universidades, quanto campanhas de abrangência nacional junto às emissoras abertas de tv como forma de conscientização sobre os malefícios dessa crise e como a sustentabilidade pode se tornar um modo de vida benéfico. Ademais, o investimento em medidas alternativas de obtenção de água, dentre elas a dessanilização da água salgada, por parte de Órgãos Governamentais de pesquisas, é fundamental para uma solução à longo prazo. Dessa forma, quem sabe, a seca possa deixar gradativamente de ser o lobo do homem.