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Enviada em: 21/09/2017

Escassez de água, altas temperaturas e péssimas condições de vida foram retratadas na obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Tal produção pôde ser rememorada na crise hídrica paulista em 2015. Contudo, parece que o país não aprendeu com a cultura literária, muito menos com o risco de esgotamento do Sistema Cantareira em São Paulo. Para isso, necessita-se de engajamento político e social na preservação desse bem.     Em primeira análise, o acelerado ritmo capitalista fez emergir um egoísmo social e o mundo passou a viver sob a liquidez das relações. Já dizia Bauman: "Vivemos em tempos líquidos, nada é para durar".  Logo, a precária preservação ambiental tem implicado diretamente no ciclo da água. Intensos desmatamentos, déficit na evapotranspiração e baixa pluviosidade interferem no ciclo hidrológico, dificultando a captação de água nos reservatórios. São valores líquidos que fluem, sem que a sociedade perceba a inoperância no uso inadequado desse recurso.    “Águas são muitas; infindas”. O argumento da "Carta de Caminha" retratou o deslumbramento acerca das terras tupiniquins e de suas ricas fontes hídricas. Detentor da maior bacia hidrográfica do mundo, o Brasil possui como fator limitante a gestão hídrica ineficiente. Destarte, o que parecia ser inesgotável aos olhos portugueses, se vê hoje na iminência de uma escassez. Para tanto, a Lei das Águas, que completa duas décadas, compartilha com a sociedade as diretrizes na manutenção da água, reforçando ações de conscientização que busquem adeptos valentes.     Assim como Graciliano Ramos fez de sua obra uma das mais relevantes literaturas, deve o Governo Federal sintetizar uma história tão significante quanto. Partindo inicialmente da gestão hídrica nos principais setores do país: industrial, agropecuário e civil, que devem munir-se de projetos de reutilização e racionamento da água. Cabe ao Ministério da Educação a instrução escolar sobre a importância da preservação da água, formando cidadãos conscientes. Isto posto, o Brasil poderá se ver livre de uma nova crise que comprometa seu bem estar social e econômico.