Enviada em: 03/04/2018

Quando se pensa a questão hídrica, relacionando-a com a crise de 2015, percebe-se que já não vivemos a ilusão de habitar um país com abundância infinita de reservatórios.Em 2001, o famigerado racionamento de energia elétrica, afetou o bolso do consumidor e revelou a ineficiência do Estado para gerir o setor. Atualmente, sabe-se que não basta apenas culpabilizar a natureza e os poderes constituídos. Cada um precisa fazer a sua parte, valorizando esse recurso, pois a água é essencial para a vida.  Embora o Brasil seja um dos países mais ricos em termos de recursos hídricos, vive-se uma crise no setor por falta de planejamento e manejo adequado. Atendendo à pressão de setores da economia, a imprensa responsabiliza a população pelo desperdício, entretanto o problema é mais complexo. Na verdade, a agropecuária e a indústria são responsáveis por praticamente 90% do consumo desse recurso. De fato, a população pode fazer um uso mais consciente da água, mas não é nem de longe o principal consumidor desse insumo.  De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 23% das mortes prematuras em todo o mundo poderiam ser atribuídas a fatores ambientais ligados à má gestão dos recursos hídricos. No caso das crianças, a percentagem sobe para 36%. Nesse sentido, pode-se destacar principalmente, escassez de água potável, sendo que esta afeta sobretudo a parcela mais carente da população.  Parece que aprendemos pouco com as recorrentes crises hídricas. Ainda é preciso encontrar o equilíbrio entra a exploração comercial e o uso consciente no âmbito domiciliar. Nesse sentido, a Agência Nacional de Águas poderia poderia fiscalizar o consumo abusivo realizado pela iniciativa privada, disciplinando os excessos. Para isso, poderia trabalhar em parceria com o Ministério Público, que providenciaria termos de ajustamento de conduta para as empresas infratoras. Em relação aos cidadãos, a ANA poderia fazer convênios com as escolas do país, criando campanhas educativas para ensinar o uso consciente desse recurso.