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Enviada em: 07/03/2017

No seriado estadunidense Breaking Bad, o ator RJ Mitte interpreta um personagem com paralisia cerebral, problema que ele realmente possui na vida real. Durante uma entrevista ele falou sobre o fato de ser um exceção, já que personagens deficientes comumente são interpretados por atores normais. No entanto, no amplo mercado de trabalho brasileiro, a falta de inclusão social dos portadores de necessidades especiais também é um problema, que origina-se da inacessibilidade dessas pessoas à ambientes escolares e profissionais.      O senso de 2010 mostrou que 61% das pessoas com deficiência, acima de 15 anos, não possui instrução, ou têm apenas o ensino fundamental incompleto. Ao contrário do que se imagina, o número de matrículas nos primeiros anos do ensino regular é satisfatório, entretanto, o despreparo arquitetônico e pedagógico, como a falta de rampas, banheiros e salas acessíveis, além da falta de professores e materiais didáticos especializados para essas crianças, culmina em um alto índice de evasão escolar, decorrente da dificuldade encontrada por estas em acompanhar o ensino como os demais. Dessa forma, não há preparo para que estas pessoas ingressem no mercado de trabalho, que por sua vez também possuem os mesmos problemas.      Uma segunda pesquisa divulgada pela Folha de São Paulo, mostra que a falta acessibilidade dentro das empresas é o maior fator para a não contratação de funcionários especiais, ou seja, mesmo aqueles que conseguem superar as barreiras de um ensino precário, tem oportunidades de emprego negadas por responsabilidade da próprio contratante quando possui um currículo equivalente ao demais candidatos à vaga. Nesse âmbito, podemos perceber o descumprimento da lei que deveria assegurar e promover condições de igualdade para a pessoa com deficiência, o que resulta em um atentado contra a cidadania destes.      Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. É necessário que o Ministério da Educação, em conjunto com as instituições de ensino superior públicas e privadas, adicionem na grade curricular dos cursos de licenciatura uma disciplina sobre inclusão de pessoas com necessidades especiais, para que estes profissionais saiam melhor preparados para esse tipo de situação. Ademais, é preciso que exista um maior rigor ao cumprimento da lei que exige que empresas com um alto número de funcionários contrate uma porcentagem de trabalhadores especiais, isso deve ser feito com a implementação de ouvidorias públicas que permitam a realização de denúncias, facilitando assim a localização desses problemas. O direito à educação e ao trabalho é acima de tudo direito à dignidade, e esta deve ser assegurada à toda população.