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Enviada em: 12/07/2017

Durante o século XIX o cientista Francis Galton construiu um corpo teórico chamado de Eugenia, cuja tradução se aproxima de “boa estirpe”. Conforme o estudioso, pessoas notáveis produziriam sujeitos notáveis. Nesse sentido, a teoria de Galton serviu de base para diversas atrocidades contra aqueles que não se enquadraram em suas definições, a saber: A política higienista de Hitler contra pessoas com deficiência. Diante disso, urge repensar a representação da pessoa com necessidades especiais na sociedade contemporânea por intermédio de estratégias de inclusão social.        Percebe-se que os desdobramentos históricos imputaram segregações e outras formas de violência às pessoas com deficiência. Arthur Schopenhauer afirma que o homem costuma tomar os limites do seu campo de visão como limites do mundo. Nessa perspectiva, a partir do recrudescimento das noções de ética na sociedade moderna, podemos verificar a existência de marcos legais que apontam para a inclusão desse contingente populacional. Assim, a constituição federal em seu artigo quinto é imperativa no que tange à equidade de seus cidadãos. De modo mais específico, o estatuto da pessoa com deficiência, promulgado recentemente, orquestrou diretrizes para a inclusão desse público por intermédio, por exemplo, da completa ambientação da escola às necessidades dessa população.        Destarte, o Brasil demonstra evolução na garantia dos direitos sociais das pessoas com deficiência. No entanto, cabe salientar que a inclusão social demanda a participação de todas as instituições sociais e seus atores, visto que a pessoa com deficiência, assim como qualquer cidadão, necessita de acesso à cidade, ao emprego, à escola, locomoção, entre outros. Charles Darwin, famigerado biólogo, destaca que a evolução de todas as espécies ocorre no sentido da adaptação às condições ambientais. Sob tal ótica, verifica-se a pertinência das ações inclusivas no progresso de qualquer sociedade.        O Estado, no cumprimento de suas atribuições constitucionais, deve promover políticas públicas que assegurem a destinação de recursos à adaptação de escolas, bem como da estrutura dos municípios, afim de acolher e garantir o princípio de isonomia aos cidadãos portadores de necessidades especiais. No campo da ciência e tecnologia, é imperativo a participação de empresas públicas e privadas na produção de aplicativos e dispositivos que auxiliem o cotidiano dessa população. Assim, poder-se-á desconstruir a ideia de uma sociedade eugenista. Com efeito, abre-se possibilidade para a construção de um corpo social mais sensível às necessidades desse segmento social, que oferece semelhantes condições de desenvolvimento aos seus cidadãos.