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Enviada em: 02/04/2017

Na obra "O Cortiço", Aluísio de Azevedo aborda a influência do meio sobre o caráter e a personalidade dos personagens num cenário onde o dono do cortiço enriquece ao enganar e explorar as pessoas ao seu redor. Esse recorte, infelizmente, tem tudo a ver com o sistema educacional brasileiro, no qual um cenário de crise instaurou-se por meio da precária relação administrativa entre estados e municípios, resultando em escolas de estrutura ruim,  profissionais mal preparados e alunos desorientados.   Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 10 milhões de brasileiros entre 15 e 17 anos apenas metade está matriculada no ensino médio. Tal levantamento é reflexo de diversas falhas estruturais que permeiam a relação entre família e escola. Em média, no Brasil, os professores convivem 4 horas diárias com seus alunos e nesse curto espaço de tempo precisam se desdobrar ensinando não só ciência, mas também respeito ao próximo e ao ambiente escolar, habilidades básicas de convívio que deveriam ser responsabilidade da família. Esse cenário tende a diminuir o aproveitamento das aulas, fazendo com que alunos reprovem e/ou abandonem a escola.   Contudo, existem estados brasileiros que têm se destacado por bons motivos no cenário da educação, como o Ceará. Consequência de projetos como o "Alfabetição na Idade Certa", os municípios cearenses comportam hoje 77  escolas das 100 primeiras colocadas no Indíce de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Por lá estabeleceu-se um regime de colaboração entre estado e municípios que é muito raro no Brasil, uma sintonia a despeito das disputas partidárias. Assim, as cidades que apresentam índices crescentes de melhoria na educação recebem mais recursos para serem investidos tanto nas escolas, quanto na saúde e demais áreas, o que motiva família e demais setores sociais a cuidarem da educação em benefício de consequentes melhorias na qualidade de vida da população.    É indispensável, portanto, a resolução do impasse do sistema educacional brasileiro. Tendo em vista a quantidade de exames nacionais realizados anualmente no Brasil, como Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), Prova Brasil e outros, faz-se necessária a utilização inteligente dos dados coletados para problematizar a questão da educação. Dessa forma, a parceria entre Governos estaduais e municipais repetiriam a experiência do Ceará, fazendo com que, não só as escolas com índices crescentes fossem bonificadas, mas também que as escolas de pior rendimento pudessem receber atenção especial e compartilhar experiências e projetos com as escolas de melhor desempenho. Nesse cenário, ter-se-ia  tanto menos estados com papel de João Romão, quanto menos cidadãos enganados e apunhalados como Bertoleza.