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Enviada em: 18/06/2018

O filósofo grego Aristóteles defendia a teoria de que o homem é por natureza um animal político, o que se traduz por meio da importância da vida em coletividade e das ações políticas exercidas pelo mesmo, as quais sempre visam o bem comum. Para o pleno exercício da cidadania, no entanto, torna-se primordial que os indivíduos possuam pensamento autônomo, sendo necessário, portanto, a capacidade de interpretação e produção de textos. A ausência de tais habilidades denomina-se analfabetismo funcional, que atinge 27% da população brasileira em geral, incluindo os graduados.    Em um primeiro plano, é importante considerar que mesmo a educação pública não se equiparando à particular em termos de qualificação no Brasil, essa não é a principal justificativa para o analfabetismo funcional, pois esse é um problema que também afeta os países desenvolvidos. Todavia, num mundo majoritariamente capitalista, capitaliza-se também a cultura. Esse processo, explicado pelo sociólogo francês Pierre Bordieu, inicia-se na infância, em que alunos de classes mais favorecidas trazem de casa, por exemplo, o acesso anterior a museus, literatura e cinema em contraste aos que não tiveram acesso a esses bens, deixando-os em desvantagem. Em síntese, os alunos com bagagem cultural possuem além de um aprendizado mais rápido, a cultura que a escola demanda.    Além do Capital Cultural, destaca-se o advento de novas formas de comunicação por meio das redes sociais. Redes como Twitter e chats em geral fomentaram o uso de uma linguagem cada vez mais curta e sem muitas exigências em sua composição. Por muitas vezes, nem mesmo a escrita é exigida, sendo permitido a comunicação por áudio e vídeo. A internet é um bem praticamente democratizado e o que diferencia se o indivíduo é ou não um potencial analfabeto funcional é o uso que esse faz da mesma. Uma edição recente do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), mostrou que alunos provenientes de família favorecida, por exemplo, utilizam a rede para ampliar seus conhecimentos.    Tendo em vista a importância de uma educação efetiva com o propósito de que os alunos se tornem cidadãos e considerando a existência do Capital Cultural, é essencial que as escolas e universidades mobilizem os alunos à cultura. Para isso, a  divulgação de eventos culturais gratuitos na rede pública de ensino como a Bienal do Livro, além da distribuição de ingresso aos alunos, é uma ação que incentivará o acesso cultural dos mesmos. Além disso, os professores podem propor aos alunos mais saídas de campo culturais, como a museus, obras arquitetônicas, teatro e cinema, a fim de que esses associem o aprendizado à cultura. Através de tais ações, os alunos terão a oportunidade de construir uma maior bagagem cultural e menos chances de se tornarem analfabetos funcionais.