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Enviada em: 04/11/2018

O analfabetismo funcional segue como um dos grandes gargalos da educação brasileira. Os fundamentos do problema vêm desde os tempos da República Velha, em que saber escrever o próprio nome era prova de proficiência e habilitava o cidadão para o voto. Hoje, o formalismo em torno da posse de um papel, chamado de diploma, revela a real hipocrisia.       O valor da habilidade de leitura e escrita é incalculável, pois - sem ela - o desenvolvimento de senso e posicionamento crítico é prejudicado. Ao longo dos últimos 20 anos, diversos governos têm se empenhado na erradicação do analfabetismo no Brasil. De fato, cada vez menos pessoas têm chegado à fase adulta sem saber ler e escrever: de acordo com o IBGE, elas são apenas 7,2% dos brasileiros com mais de 15 anos.       Contudo, esse número oculta uma realidade perversa, pois a má qualidade da educação recebida pelo brasileiro o prejudica no desenvolvimento de competências relacionadas à interpretação de textos cotidiano. De acordo com dados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), apenas 8% dos brasileiros têm proficiência na leitura e escrita, contra cerca dos 30% de analfabetos funcionais. Esse dado sugere a precariedade do acesso das pessoas à informação, o que prejudica sua atuação cidadã, busca pelo seu bem-estar e construção de seu futuro.       Nesse contexto, o reforço da atuação cidadã é o melhor caminho para uma proposta de intervenção. Assim, o Ministério da Educação deve iniciar o programa "De Volta à Escola", para que pessoas de todas as idades e origens sejam convidadas a participar de seminários, eventos e rodas de diálogo, engajando-se no ambiente escolar e participando de trocas de ideias e novas tendências. Nesse programa, adultos sem acesso à tecnologia poderão aprender a utilizar o computador e smartphones, instrumentos essenciais para fomentar seu interesse pela leitura. Destaca-se aqui que superar o analfabetismo funcional demanda interesse e experiência diária de cada cidadão. Aprender é um ato sem fim e a escola é um ambiente democrático e aberto, cujos processos nunca têm fim.