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Enviada em: 06/08/2018

Com o intuito de proporcionar o progresso literário nacional, Machado de Assis, ao empossar-se Presidente da Academia Brasileira de Letras, reconhece em seu discurso a necessidade da compreensão pública no processo de garantia da prosperidade das obras escritas. Entretanto, apesar de ter sido expresso em 1897, o resultado desejado pelo autor ainda não é verificado na sociedade atual, visto que o entendimento acerca das produções bibliográficas é comprometido pelo analfabetismo funcional, que torna-se cada vez mais frequente no país, seja pela falta de incentivo aos infantes, seja pela escassez de políticas que revertam a situação.       Em primeiro lugar, convém-se ressaltar a importância do estímulo à leitura nos primeiros anos de vida do cidadão. Nesse viés, dados do Instituto Paulo Montenegro (IPM) indicam que quase 55% dos casos de analfabetismo funcional, ou seja, da incapacidade de interpretação textual, estão relacionados ao baixo índice de leitura durante a infância; soma-se a isso à ascensão de tecnologias marcadas pela despreocupação com a modalidade escrita da língua portuguesa, à perda do raciocínio lógico ocasionado pela marginalização da leitura e à consequente redução do senso crítico social, tem-se justificado o pensamento de Monteiro Lobato, de que "quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê".       Em segunda instância, se por um lado o pouco incentivo à leitura corrobora a ocorrência do analfabetismo funcional, por outro, a precariedade do sistema educacional brasileiro também influencia a situação observada. Nesse âmbito, em consonância com a reflexão Kantiana, de que "o ser humano é aquilo que a educação faz dele", observa-se que as escolas estão intrinsecamente ligadas à manutenção do cenário vivenciado hodiernamente. Sendo assim, o pouco investimento no setor educacional, bem como o despreparo das instituições para lidar com essa conjuntura, refletem no atual quadro brasileiro, no qual apenas 8% da população tem plena condição de compreender enunciados e se expressar por meio de textos, segundo pesquisas do IPM no ano de 2017.        Urge, portanto, a adoção de medidas que solucionem esse impasse. Destarte, é função da família, em parceria com a mídia, criar e divulgar grupos que reúnam crianças e promovam oficinas de leitura, teatro e atividades de cunho educacional, recorrendo à participação de contadores de histórias e à utilização de fantoches, de modo a incentivar o interesse literário, por intermédio da integração social, entre aqueles que são o futuro da nação. Outrossim, convém ao Ministério da Educação investir nas escolas, por meio do oferecimento de cursos de capacitação, que visem qualificar os funcionários das instituições públicas para a amenização do mal vigente. Quem sabe, assim, com a redução do analfabetismo funcional, o desejo machadiano seja realidade no país.