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Enviada em: 03/10/2018

Os indivíduos com dificuldades em extrair dados e informações de textos verbais e não verbais, organizar argumentos e expressá-los por escrito são considerados analfabetos funcionais. No Brasil hodierno, esse quadro se revela um problema social, visto que, afasta essas pessoas de boas oportunidades de emprego, além de expor as fragilidades educacionais do país. Nesse contexto, observa-se a necessidade de identificar as consequências de uma alfabetização incompleta, bem como de pensar caminhos para enfrentá-la.         A escassez de profissionais capacitados, a princípio, perpassa a falta de qualificação técnica, estando, muitas vezes, relacionada a uma formação educacional básica deficiente. Esta, por sua vez, dificulta o acesso a postos de trabalho melhores remunerados o que impede o desenvolvimento individual e social. Contrariando essa realidade vivida nacionalmente, o economista britânico Arthur Lewis pensava a educação não como despesa, mas um investimento com retorno garantido.        Do mesmo modo, a precária formação acadêmica de professores e a desvalorização da profissão desestimulam esses profissionais e prorroga ainda mais a condição de analfabetos operantes de muitos brasileiros. Nessa conjectura, Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, resgata que a Constituição de 1988 instituía a erradicação do analfabetismo em até dez anos após sua promulgação, no entanto, trinta anos depois, as ações tomadas não foram plenamente eficazes nessa missão. Dessa forma, o sistema educacional ainda carece de medidas efetivas contra esse cenário degradante vivido por mais de sessenta milhões no país.        Evidencia-se, portanto, a urgência em trilhar caminhos que combatam o analfabetismo funcional no Brasil. Para isso, o Ministério da Educação deve, por meio de oferta de bolsas e auxílios financeiros e parcerias com cursos de licenciaturas de instituições públicas e privadas, criar o ProNEA – Programa Nacional de Erradicação do Analfabetismo – a fim de firmar o compromisso do Estado em lidar com essa problemática. Além disso, é preciso que a Pasta melhore a formação dos docentes e remunere-os adequadamente, por intermédio de um plano de carreira federal com apoio à pesquisa, para incentivar o trabalho em sala de aula e o desenvolvimento de novas metodologias de ensino. Espera-se, com tais medidas, uma redução do número de brasileiros analfabetos funcionais.