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Enviada em: 06/10/2018

Carl Sagan, astrônomo e divulgador científico, em seu livro "O mundo assombrado pelos demônios" (1996), dissertava a respeito do analfabetismo funcional que assolava o mundo na época. Infelizmente, 22 anos após sua publicação, pouca coisa mudou. Diante dessa perspectiva, convém analisar os motivos para a manutenção desse quadro, no Brasil, dentro dos quais podemos nos ater à precariedade do sistema educacional, bem como ao avanço da internet.     A educação é o principal fator de desenvolvimento de um país. Hodiernamente, ocupando a nona posição na economia mundial, seria racional acreditar que o Brasil possui um sistema público de ensino eficiente. Contudo, a realidade é justamente o oposto e o resultado desse contraste é claramente refletivo na incapacidade que muitas pessoas tem de ler e compreender as mensagens de um texto. Segundo dados do Instituto Paulo Montenegro, apenas 26% dos brasileiros demonstra proficiência na leitura. Depreende-se, dessa forma, que, além dos analfabetos, há pessoas escolarizadas sem domínio básico textual. Destarte, embora a educação seja um privilégio da maior parte da população, o ensino parece ser, por vezes, inócuo. Logo, torna-se imprescindível que hajam mudanças no âmbito escolar.           Outrossim, vale salientar o avanço da internet como impulsionador do problema. De acordo com Voltaire, filósofo francês, "a leitura engrandece a alma". No entanto, desde a gênese da internet, a leitura e a escrita passaram a ser hábito de poucos. Não obstante, seguindo uma visão weberiana, essa ação social pode ter incentivado o crescimento do analfabetismo social, uma vez que, na web, é indiferente a competência de interpretar. Ademais, tornou-se comum empresas de jornal adotarem apenas a versão online, o que também pode vir a diminuir a leitura. Dessa forma, caso a sociedade não adquira esse hábito, os números de analfabetos funcionais, infelizmente, irão crescer.                               Infere-se, portanto, que medidas são necessárias para dirimir a questão do analfabetismo funcional no Brasil. O Ministério da Educação deve encarregar as escolas de fazerem projetos de leitura no ensino fundamental e implementar, na grade curricular obrigatória, aulas de Interpretação de texto para o ensino médio, a fim de melhorar a habilidade interpretativa dos alunos. Além disso, as prefeituras, em parceria com escolas, devem criar um grupo de leitura municipal, no qual serão disponibilizados livros da biblioteca municipal e jornais, para debater temas e incentivar os adeptos à leitura. Por fim, as famílias devem regular o uso da internet pelos filhos e incentivá-los a ler livros e jornais para que, no futuro, os brasileiros retomem esses hábitos de leitura.