Materiais:
Enviada em: 16/10/2018

Na célebre obra machadiana "O Alienista", Simão Bacamarte escolhe sua esposa, especialmente, pela sua capacidade de gerar filhos sadios, entretanto acaba por não tê-los. Analogamente à ironia exposta por Machado de Assis está a questão do analfabetismo funcional no Brasil. Isso porque, apesar de grande parte da população saber ler e escrever, muitos não conseguem interpretar de fato o que leem. Esse paradoxo gera consequências expressivas no cotidiano do cidadão, como a má interpretação de uma notícia e até o tendenciamento político por determinado candidato, uma vez que, essas pessoas não conseguem formar um argumento próprio e acabam absorvendo opiniões de outrem.  Mormente, consoante ao pensamento de Durkheim acerca do fato social ser a maneira coletiva de agir e de pensar, é indubitável como que o alto custo dos livros influencia na falta do hábito de leitura do brasileiro. Essa ausência pode ser explicada por um fator histórico: o coronelismo, época na qual o país sofreu imensamente nas mãos dos latifundiários, os quais ensinavam o básico da leitura para os seus trabalhadores com o intuito de conseguir mais votos nas eleições, já que esta pedia, obrigatoriedade, na alfabetização do eleitor. Tendo isso em vista, é notório como que essa situação de aprendizado precário foi repassada e persiste até os dias atuais, de forma que não há uma adequação do incentivo ao aluno à prática de interpretação e leitura diária de textos.   Ademais, convém frisar, que desde o avanço da terceira Revolução Industrial, a internet acelerou o processo de informações e notícias rápidas e diretas. Essa realidade corroborou para o processo de analfabetismo funcional do brasileiro, dado que, diante de tantos fatos dados de maneira objetiva, a mente do leitor tornou-se mais preguiçosa, logo, menos propensa a leitura de textos interpretativos. Nesse ínterim, A. Schopenhauer entende essa situação como um limite no campo de visão de uma pessoa, o qual determina a sua compreensão sobre o mundo que a cerca.   Dessarte, é imprescindível, pois, que o Ministério da Educação invista, por meio de cursos de capacitação profissional, na adequação do professor a um ensino mais voltado ao que cada aluno gosta de ler, em sua individualidade. Dessa forma, auxiliando na apreciação pela leitura desde o início da alfabetização. Além disso, é cabível também aos sites de notícias a inserção de links, através dos textos informativos, que levem a outras notícias sobre o tema inicial. Desse modo, influenciando na maior prática de leitura do público alvo e colaborando para o incentivo de mentes menos preguiçosas e mais argumentativas no Brasil hodierno.