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Enviada em: 18/10/2018

No filme "O Leitor", a personagem Hanna Shmitz, em meados do século XX, já enfrentava um grande dilema social do mundo contemporâneo: o analfabetismo. Todavia, mesmo com os avanços sociais, a realidade tratada no filme não difere muito do Brasil de hoje, haja vista o crescente índice de analfabetos entre a população canarinha. Sob essa ótica, é nítido que as disparidades socioeconômicas e o ensino padrão são alicerces dessa problemática.         A priori, a segregação de camadas menos favorecidas no que concerne o acesso à educação não é algo novo. Nesse contexto, na Grécia Antiga, o letramento era uma exclusividade da elite, pois, enquanto mecanismo de formação política e cidadã, "não cabia às minorias". De maneira análoga, mesmo com os avanços do ensino público ao longo do século XXI, a classe pobre volta-se para o mercado de trabalho para garantir a sua subsistência, o que não abre espaço e tempo para a inclusão da alfabetização no seu cotidiano. Não é à toa, então, que os dados da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar) denunciam que regiões como Norte e Nordeste possuem os maiores índices de pobreza e, ao mesmo tempo, os maiores números de analfabetismo, o que é lamentável.        Outrossim, é indubitável que a falta de ensino especializado também corrobora com esse cenário. Nesse âmbito, boa parte das escolas seguem uma grade curricular pouco funcional, isto é, aderem às maneiras academicistas e pouco dinamizados de se alfabetizar. Desse modo, os alunos, seja jovens ou adultos, não conseguem assimilar os conteúdos ou, inclusive, não se sentem motivados e apreendidos pela leitura e escrita, o que diminui a busca pelo letramento. Isso ocorre porque, conforme o sociólogo e educador Paulo Freire, em sua obra "Consciência e Alfabetização", a construção do conhecimento humano não se dá por meio de fórmulas prontas ou métodos mecânicos, mas sim de forma lúdica e interdisciplinar.     Nessa perspectiva, é necessário romper com o ensino padrão e com as dificuldades socioeconômicas. Para tanto, a Receita Federal deve disponibilizar maiores recursos para que os estados e municípios ampliem o programa EJA(Educação para Jovens e Adultos) a nível de alfabetização, o que pode ser feito com a disponibilização de bolsas e horários mais flexíveis, a fim de contornar as disparidades econômicas. Ainda, o Ministério da Educação deve alterar a grade curricular de ensino, de modo a inserir programas educacionais que priorizem a dinâmica e a interatividade nas aulas, com o auxílio das Artes, do Teatro e da Música, no intuito de tornar o espaço educacional mais engajado e interessante. Destartes, será possível fugir da realidade vivida por Hanna em "O Leitor".