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Enviada em: 25/10/2018

O direito a educação pública gratuita, defendido desde o século XVIII pelo ideal iluminista, já evidenciava o Estado como seu principal responsável. Entretanto, após três séculos dessa experiência, ainda é alta a taxa de analfabetismo no Brasil, principalmente, no que tange ao tipo funcional. Dessa forma, sabe-se que a má distribuição do aprendizado e a intransigência normativa da língua influenciam na problemática em questão.        É importante pontuar, de início, que a divergência quanto a distribuição da educação, é um dos entraves na manutenção do analfabetismo funcional. Isso ocorre devido as heranças históricas oriundas da colonização, que influenciaram a manutenção das diferenças sociais e o ensino deficiente na maioria das escolas. Segundo a pesquisa de desempenho escolar, divulgada pelo IBGE, a região do Nordeste sai em desvantagem comparado com o estado de São Paulo, desvantagem essa que comprova de maneira trágica, a não universalização do ensino de qualidade. Por consequência, a negligência do poder público ocasiona na perpetuação da desigualdade, uma vez que impede as minorias de competir de forma igualitária no mercado de trabalho.           Ademais, a negligência dos núcleos de formação é uma das barreiras para a efetivação do letramento no cenário brasileiro, uma vez que são os responsáveis por direcionar o indivíduo acerca do pensamento crítico. Tal fato pode ser fundamentado pelo conceito do pedagogo Paulo Freire, o qual estabelece que a educação deve ser o principal meio para a reflexão da realidade vivenciada. No entanto, a máxima do autor é contrariada quando a escola estabelece uma conjuntura estática que não prioriza a criticidade do aluno e incorpora a mecanização das disciplinas obrigatórias, bem como é observado na rigidez da gramática normativa e das fórmulas matemáticas. Assim sendo, o analfabetismo funcional se manifesta além da ótica escolar, pois, posteriormente, o retrocesso será evidenciado na estrutura laboral e até mesmo nas universidades.         Torna-se necessária, portanto, a adoção de medidas que visem mitigar esse celeuma. Para tanto, o Estado, em conjunto com o Ministério da Educação, deve investir recursos financeiros na qualificação dos professores e na infraestrutura das instituições de ensino em todo o país, de forma igualitária, para que os docentes possam levar às salas de aulas métodos de educação diversificados, com isso o discente além de aprender, é estimulado a utilizar os ensinamentos em seu cotidiano. Outrossim, o núcleo escolar deve criar projetos que visem aprimorar o senso crítico e interpretativo do aluno, por meio de aulas mais dinâmicas que abordem discussões e a gênese de rodas de leitura.