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Enviada em: 28/10/2018

Em "Ética a Nicômaco" Aristóteles diz que a finalidade da organização política e social é o bem humano. Destarte, a dinâmica popular deveria partir desse pressuposto. O que ocorre hodiernamente, porém, segue o fluxo contrário, visto o cenário educacional brasileiro permeado pelo analfabetismo funcional. Nesse contexto, é incontestável a necessidade de reprimir esse problema, o qual ocorre, tristemente, devido não apenas à negligência estatal como à postura indolente da sociedade.    A Constituição cidadã de 1988 contempla o direito à educação plena, entretanto, o Estado não o efetiva. Consoante ao filósofo contratualista John Locke, o governo surge para preservar direitos inequívocos. Logo, verifica-se que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil, haja vista a falta de políticas públicas de Estado que visem combater o analfabetismo funcional no país, bem como a inobservância aos planos já idealizados. Um reflexo disso são os dados fornecidos pelo INAF (Indicador de Analfabetismo Funcional) que apontam 29% da população brasileira nessas condições. Dessa forma, uma mudança estrutural de ação educacional contínua e articulada pelos entes federativos seria necessária para mitigar o problema, tirando o direito da teoria.     Outrossim, é importante destacar o papel do senso coletivo para frear a problemática. Pois, como proferiu o sociólogo Karl Mannheim, a visão de um indivíduo acerca do mundo é condicionada socialmente. Portanto, a errônea ideia de que o letramento e a educação matemática são funções exclusivas da escola configura-se um entrave para a atenuação da questão. Nesse sentido, apenas uma mudança na mentalidade social seria capaz de transpor o impasse: faz-se imprescindível que o letramento e a alfabetização matemática sejam estimulados dentro e fora do ambiente familiar.     Logo, é notória a primordialidade de enfrentar o problema supracitado. Para tanto, urge que o Estado crie e fomente políticas públicas estatais fortes com vistas a promover o letramento e educação matemática de jovens e adultos através de oficinas e cursos de interpretação de texto e matemática, bem como integralize e federalize o ensino básico com o objetivo de prover maior suporte escolar e, consequentemente, reprimir o analfabetismo funcional. Ademais, o Estado, cujas ações influenciam o senso comum, deve promover campanhas midiáticas de cunho educativo visando incitar o hábito da leitura e numeramento no núcleo familiar desde cedo, conscientizando o corpo social. Somado a isso, cabe à Escola desenvolver programas, com a participação da família, de estímulo à leitura e numeramento lúdico, como peças teatrais e premiações com base na leitura de livros e competições matemáticas, objetivando propiciar a plena formação educacional e, por conseguinte, apaziguar o analfabetismo funcional. Assim poder-se-á garantir o bem humano.