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Enviada em: 24/03/2019

Nas entrelinhas      De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um "corpo biológico" por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Nesse contexto, para que esse organismo funcione de forma igualitária e coesa, é fundamental a garantia do cumprimento dos deveres de todos os cidadãos. Contudo, no Brasil, isso não ocorre, pois em pleno século XXI, o número de analfabetos funcionais ainda é significante, devido à negligência do Estado, dos profissionais da educação, dos pais e do próprio cidadão no quesito educação. Dessa maneira, rever a situação a qual os brasileiros estão inseridos é indispensável para avaliar seus efeitos na contemporaneidade.        Deve-se pontuar, de início, que o aparato estatal brasileiro é ineficiente no que diz respeito à formação educacional no país. Quanto a essa questão, há a falta de oferta de ensino básico de qualidade e de professores instruídos para promover atividades capazes de instigar o aluno ao seu desenvolvimento intelectual de senso crítico e não apenas saber ler e fazer contas, o que contribui para a evasão escolar, pelo desinteresse e pela falta de aplicabilidade à vida cotidiana do estudante. Além disso, apenas 8% tem o domínio e compreensão do que se lê, ou seja, a maior parte das pessoas que finalizam os estudos até o ensino médio não conseguem utilizar a leitura como instrumento de aprendizado.      Vale ressaltar, também, que os números preocupantes não se restringem ao 2° grau de escolaridade: 30% das pessoas que possuem ensino superior fazem parte do quadro de analfabetismo funcional, ou seja, o ''futuro promissor'' do Brasil está nas mãos de universitários com baixo desenvolvimento pessoal e social. Dessa maneira, é possível que isso afete os setores econômicos, sociais e tecnológicos do país, acarretando índices estatísticos piores à nação.          É evidente, portanto, que ainda há entraves na solidificação de medidas a fim de diminuir essa inercial problemática. Diante dessa realidade, é preciso que o governo em parceria com o Ministério da Educação aja na construção de políticas nas escolas e universidades, promovendo atividades práticas, ministradas por profissionais altamente capacitados, com o intuito de incentivar a maior interação e compreensão do leitor com o texto lido, e somado a isso, deve-se instituir constantes rodas de leitura com o mesmo fim. Dessa forma, readequar as bases curriculares, livros didáticos e outros materiais utilizados à esse propósito de promover o ''ler nas entrelinhas'' efetivamente trariam a minimização do impasse e proporcionariam bons resultados ao Brasil.