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Enviada em: 15/03/2019

Segundo o sociólogo Émile Durkheim, o Estado deve, através das escolas, consideradas como o mecanismo secundário de socialização, facilitar o processo de inserção do  indivíduo na sociedade e, para tal, é substancial que o processo de alfabetização apresente-se de maneira eficiente, visto que uma das principais características da vida em sociedade é a utilização de um signo linguístico comum aos inseridos nela. Apesar disso, o Brasil encontra dificuldades em reduzir o índice de analfabetismo funcional de sua população devido, principalmente, a métodos ultrapassados e pouco atrativos à nova geração e à negligência estatal quanto a ofertas de oportunidades à população adulta e idosa.       É relevante abordar, a princípio, que, de acordo com os resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), aproximadamente um terço dos alunos do terceiro ano do ensino fundamental têm níveis inadequados de capacidade de leitura e interpretação. Esse fato se dá pois, em um mundo cada vez mais acelerado devido ao advento das tecnologias, a metodologia vigente de alfabetização baseada em alunos como meros receptores de informação. Logo, como o aprendizado de uma língua deve se dar de forma acumulativa, o desinteresse das crianças acaba por dificultar o desenvolvimento das competências necessárias para uma capacidade interpretativa satisfatória e configura-se como um efeito cascata, que torna-se cada vez mais desestimulante ao passar dos anos letivos.       Ademais, pode-se notar, também, que, de acordo com o Inaf (Indicador de Analfabetismo Funcional), 30% da população entre 15 e 64 anos é considerada parte desse grupo de pessoas que não possuem suficiente capacidade interpretativa sobre um texto. Essa perspectiva é relacionada a falta de ofertas de oportunidades para aqueles que terminaram o período escolar ou que por algum motivo evadiram-se do mesmo, visto que as poucas aulas durante o período noturno são pouco divulgadas e assistidas pelos órgãos governamentais, sendo por muitas vezes realizadas por ONGs ou alunos de cursos na área de linguagens. Com isso, tem-se, de maneira errônea, a transferência de uma responsabilidade do Estado, assegurada no Plano Nacional de Educação, para a própria população.       Destarte, torna-se incontrovertível que as elevadas taxas de analfabetismo funcional no Brasil ocorrem devido a problemas de ensino direcionados à todas as faixas etárias da população. Assim, cabe ao Ministério da Educação, além de uma maior divulgação da importância do combate ao analfabetismo funcional e visando tornar a alfabetização para a população infantil e também adulta algo mais atrativo, oferecer uma reestruturação tecnológica e metodológica às escolas de nível básico, onde, por meio da utilização de aparelhos tecnológicos e da capacitação técnica dos professores, os alunos consigam sentir-se como elemento ativo do processo.