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Enviada em: 19/10/2017

Na obra “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector, é retratada a situação da personagem Macabéia, que encontra obstáculos para desenvolver-se em meio à sociedade, em função da sua dificuldade em interpretar os códigos linguísticos. Analogamente, o alto índice de analfabetos funcionais no Brasil é reflexo de falhas no atual sistema pedagógico, bem como da carência da prática da leitura.  Antes de tudo, é válido considerar o atual método de educação como fator propiciador do analfabetismo funcional no Brasil. Nesse aspecto, a incapacidade de compreender textos simples, mesmo reconhecendo palavras e números, provém de um sistema pedagógico baseado em uma alfabetização mecânica, por meio do uso de palavras que não dialogam com o contexto do aluno, prejudicando sua habilidade de interpretação da leitura. Tal conjuntura opõe-se ao método freireano, o qual propõe o ensino mediante as experiências de vida e questões do cotidiano do estudante, de modo a permitir a representação da linguagem escrita.  Outrossim, a carência do hábito da leitura determina a dificuldade em interpretar os códigos, uma vez que essa prática permite o aprimoramento da compreensão dos diversos gêneros literários. Todavia, a falta do cultivo desse hábito tão benéfico no âmbito familiar, associado ao baixo incentivo da escola para essa atividade, a partir da colocação de leituras obrigatórias – as quais consistem em obras de difícil assimilação – corrobora o desinteresse dos indivíduos pela literatura. Diante disso, é perceptível o índice de mais de 20% da população brasileira com analfabetismo funcional, conforme o IBGE.  Em síntese, é necessária a tomada de medidas que promovam a capacidade de compreensão da linguagem, no Brasil. Desse modo, cabe ao Ministério da Educação melhorar o sistema de ensino, com o oferecimento de cursos aos professores, para aperfeiçoar a instrução, baseada no letramento dos alunos, a partir do contexto em que esses estão inseridos, a fim de desenvolver as habilidades de interpretação literária. Ademais, a família e a escola, principais formadoras de hábitos e valores, devem incentivar a leitura, por meio da promoção de atividades culturais que valorizem obras literárias que despertem o interesse dos estudantes, além de estimular essa prática em casa, por meio do exemplo dos familiares, para a formação de indivíduos capazes de decifrar os símbolos linguísticos.